quarta-feira, 17 de outubro de 2012

A família "Câmara" (da Ilha da Madeira ao Rio Grande)


A Família
“Câmara”
[da Ilha da Madeira ao Rio Grande]
Autoria de: Diego de Leão Pufal
[acréscimos, dúvidas e correções escreva para diegopufal@gmail.com]
[Esta publicação pode ser utilizada pelo(a) interessado(a), desde que citada a fonte: PUFAL, Diego de Leão. A família Câmarain blog Antigualhas, histórias e genealogia, disponível em http://pufal.blogspot.com.br/] 
[atualizado em 30/01/2014]
***
No post anterior tratou-se da ascendência e descendência de Francisco Gago da Câmara, açoriano do início do século XVIII da ilha de São Miguel, estabelecido no litoral paulista – Cananéia – cujos filhos e netos foram para o Rio Grande do Sul.
Francisco herdou o sobrenome “Câmara” do seu antepassado João Gonçalves Zarco, seu 8ª avô, que foi o primeiro que passou a usar o apelido ainda no século XV na Ilha da Madeira.
Aqui apenas veicular-se-á uma parte da descendência de João Gonçalves Zarco, por ser muito vasta e ter se espalhado por muitas ilhas dos Açores e depois ganhado o mundo.
Segundo D. Henrique Henriques de Noronha, em seu Nobiliário da Ilha da Madeira de 1700 (tomo 1º, p. 108), João Gonçalves Zarco
foi um muito honrado homem natural d´a Villa de Mattosinhos, segundo a opinião d´o Padre Mestre Fr. João de Deus, melhor investigada; foi muito sicente n´a Arte d´a navegação, pelo que o Infante D. Henrique, filho d´El Rei D. João 1.º, o tomou por cavaleiro de sua Casa, e se serviu d´elle para os seus descobrimentos; foi o Primeiro que achou a Ilha d´a Madeira, d´aparte d´a qual, a que chamão d´o Funchal (nome d´a Cidade) o fez Capitão Governador e Donatario, por concessão que para isso tinha de seu sobrinho El Rei D. Affonço 5.º, cuja mercê lhe foi feita em o 1.º de Novembro de 1450 annos. Morreu provecto de annos e jaz enterrado na Egrega de Nossa Senhora d´a Conceição que hoje é Convento de Freiras de Sancta Clara, a qual elle fez para seu enterro.
Já Antônio Ornelas Mendes e Jorge Forjaz, nas Genealogias da Ilha Terceira, vol. II, pp. 699/700, dizem a respeito de João Gonçalves Zarco que foi
Cavaleiro da Casa do infante D. Henrique, ao serviço do qual empreendeu diversas viagens marítimas ao longo da costa africana. Esteve em Tânger e Ceuta, onde foi armado cavaleiro. Foi numa das viagens, em julho de 1419, que Gonçalves Zarco e Tristão Vaz Teixeira descobriram a Madeira, ou melhora, reconheceram-na, uma vez que hoje se sabe que o arquipélago era já conhecido dos portugueses em época anterior a 1418. Pouco tempo depois, a partir de 1425, Zarco dá início ao povoamento do Funchal, aonde se estabeleceu com sua mulher. Embora ocupando a sua capitania logo no início do 2º quartel do séc. XV, a cara de doação da mesma só lhe foi feita a 1.11.1450 (...). Em 4.7.1460, estando em Santarém, D. Afonso V concedeu-lhe carta de brasão com as seguintes armas: de negro, com uma torre de prata, assente num monte de verde, sustida por dois lobos rampantes, de ouro e por timbre um dos lobos, passante.
De acordo com D. Henrique Henriques de Noronha, ainda, o apelido Câmara de Lobos derivou de uma gruta de lobos marinhos que João Gonçalves Zarco achou quando saltou em terra na ilha da Madeira, o que também seguido por Felgueiras Gayo no Nobiliário de Famílias de Portugal, vol. VIII, p. 81.
João Gonçalves Zarco, conforme Jorge Forjaz e Antônio Ornelas Mendes (op. cit., p. 699) nasceu em meados de 1390 e faleceu, provavelmente em 1467, e foi filho de Gonçalo Esteves Zarco que viveu no tempo de D. Afonso IV, D. Pedro I e D. Fernando, e neto de Estevão Pires Zarco.
Gonçalves Zarco foi casado com Constança Rodrigues, falecida no Funchal, ilha da Madeira a 22.4.1484, a qual é dada como filha de Rodrigo Annes de Sá (ou Rodrigo Aires de Sá, embaixador de Portugal em Roma) e Cecília Colona (da família romana Colona) por D. Henrique Henriques de Noronha, cuja filiação, porém, é “absolutamente fantasiosa como ficou claramente demonstrado por Luís de Mello Vaz de São Payo em Subsídios para uma Biografia de Pedro Álvares Cabral”, como anotam Forjaz & Mendes (Op. cit., vol. II, p. 700).
Houve do casamento de João Gonçalves Zarco e Constança Rodrigues sete filhos:
1.      João Gonçalves da Câmara casado com D. Isabel Homem e, após, com D. Mécia de Noronha. Com geração.
2.      D. Helena Gonçalves da Câmara casada com Martim Mendes de Vasconcelos na ilha da Madeira. Com geração.
3.      Rui Gonçalves da Câmara – antepassado de Francisco Gago da Câmara, tratado no post anterior.
4.      Garcia Rodrigues da Câmara casado com Violante de Freitas, com geração na Ilha da Madeira.
5.      Isabel Gonçalves da Câmara casada com Diogo Afonso de Aguiar.
6.      Beatriz Gonçalves da Câmara casada com Diogo Cabral, com descendência.
7.      Catarina Gonçalves da Câmara casada com Garcia Homem de Souza
Desses, destaca-se a filha Catarina Gonçalves da Câmara, cuja descendência se passa a descrever:
1. Catarina Gonçalves da Câmara foi filha de João Gonçalves Zarco e Constança Rodrigues, adotando o sobrenome “Câmara” em razão das armas recebidas por seu pai pelo rei D. Afonso V, assim como seus irmãos. Catarina casou-se com Garcia Homem de Souza, navegador de El Rei que teria, em 1445, chegado na Madeira, quando teria ali se casado com Catarina Gonçalves da Câmara. De acordo com Forjaz & Mendes (Op. cit., vol. V, p. 130) Garcia foi filho de João Annes Homem e Beatriz Pereira, neto paterno de Pedro da Costa Homem, senhor da Lageosa (este, por sua vez, filho de Isabel Nunes Homem, senhora de Lageosa, e de Pedro da Costa, que serviu D. Fernando e D. João I, neto de Nuno Gonçalves Homem, alcaide-mor de Trancoso e senhor da Lageosa, bisneto de Gonçalo Pires Homem, senhor de Lageosa, trineto de D. Pedro Homem, cavaleiro, senhor da Lageosa e de D. Mor Martins de Brufe, tetraneto de Martim Pires de Froião, cavaleiro, pentaneto de D. Pedro Pires Homem – o primeiro a usar o apelido Homem, abandonando o sobrenome paterno Pereira. Garcia Homem de Souza e Catarina Gonçalves da Câmara geraram dois filhos: Diogo Homem de Souza que faleceu solteiro sem geração e:
2-1 Leonor Homem de Souza, nascida possivelmente na ilha da Madeira, onde se casou (I) com Duarte Pestana de Brito, fidalgo Escudeiro da Casa de El Rei de quem descendem os Pestanas Vellosas, como refere D. Henrique Henriques de Noronha (Op. cit., III, p. 444), e, após (II) com Rui Dias de Aguiar. Leonor e Duarte foram pais de 7 filhos: Estevão Pestana, falecido solteiro em 1510, sem geração; Beatriz Pestana, falecida solteira em 14/9/1510; Isabel Rodrigues, solteira; uma filha casada com Rodrigo Affonso, Mécia Pestana, Inês Pestana e:
3-1 Jorge Pestana da Câmara, o qual, segundo D. Henrique Henriques de Noronha (Op. Cit., III, p. 445), “foi accrescentado n´o foro de fidalgo Cavalleiro no anno de 1503”. Casou com Beatriz de Góes, filha de Lançarote Teixeira (que foi grande cavaleiro, muito rico e instituiu o Morgado da Pena da Águia em seu filho primogênito) e Brites de Góes, neta paterna do capitão Tristão Vaz (1º capitão da jurisdição de Machico e companheiro de João Gonçalves Zarco no descobrimento desta ilha) e de D. Branca Teixeira. Jorge e Beatriz foram pais de:
4-1 Gabriel Pestana da Câmara, n. ilha da Madeira, casando-se em 1520 com Cecília de Paiva, n. cerca de 1500 e fal. a 30/05/1554 na Ilha da Madeira, “e jaz com seu marido em S.ta Clara na Capella do seu enterro delle, que hoje serve de Sachristia” (Op. cit., p. 445), filha de Luiz Doria Vellosa, o velho, e Ana de Paiva. Gabriel e Cecília foram pais de: Jorge Pestana da Câmara, André Pestana, Lançarote Teixeira, Miguel Pestana, Ana de Paiva da Câmara, Felipa de Brito da Câmara e de:
5-1 João Pestana da Câmara, nasceu pelos idos de 1526 possivelmente na Ilha da Madeira. Casou no Porto Santo com Ana Ferreira, filha de João Rodrigues Callaça e Ana Ferreira. Houve desse casamento:
6-1 Gabriel Pestana de Vellosa, que se chamou de Vellosa por herdar o morgado dos Vellosas. Casou no Porto Santo a 10/07/1573 com Grácia de Castro Calaça, filha de Francisco Gil de Castro e Joana de Paiva. Pais de: João Pestana de Vellosa, Luiz Pestana de Brito, Jorge Pestana de Vellosa, Gabriel Pestana de Vellosa, Miguel Pestana de Vellosa, Duarte Pestana de Vellosa, Guimar Pestana, Ana Ferreira, Cecília de Paiva e:
7-1 Maria das Neves de Vellosa, n. cerca de 1575 talvez no Porto Santo, ilha da Madeira. Casou com Antônio Ruas Lomelino, ali nascido, filho de Antônio Ruas e Madalena Lomelino – descendente do genovês Urbano Lomelino, chegado em 1528 na Ilha da Madeira. Pais de:
8-1 Antônio Ruas Lomelino, casado na ilha da Madeira com Mariana Moniz, filha de Martin de Castro e de Catarina de Góes. Pais de:
9-1 João Pestana de Veloso, nascido cerca de 1675 na ilha da Madeira, casando-se a 10/11/1697 no Porto Santo, na mesma ilha, com Antônia Moniz ou Antônia de Vasconcelos, n. na freguesia de Santa Cruz, ilha da Madeira, filha de Manuel Homem da Costa e Isabel Moniz de Menezes, casados em 1670 em Santa Cruz, ilha da Madeira, neta paterna de Pedro Jorge de Arvelos e Isabel de Souza e, materna, de Jerônimo de Ornelas e Abreu e Bernarda de Menezes. O casal João e Antônia geraram 3 filhos, ao menos: João Moniz, Manuel de Vasconcelos e:
10-1 Jerônimo de Ornelas Menezes e Vasconcelos, o conhecido Jerônimo de Ornelas tido como o primeiro sesmeiro de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, e antepassado de boa parte da população rio-grandense. Jerônimo nasceu em 1690 no Funchal, ilha da Madeira e faleceu a 27/09/1771 em Triunfo/RS, Brasil. Sabe-se que no ano de 1721 Jerônimo já estava em Guaratinguetá/SP, onde foi padrinho de batismo de algumas crianças, ali se casando em 1723 com Lucrécia Leme Barbosa, n. 1703 em Guaratinguetá/SP e fal. 02/10/1800 em Triunfo/RS, filha de Baltazar Corrêa Moreira e Fabiana da Costa Rangel, ambos com ascendência conhecida. 
Vista do Funchal, onde nasceu Jerônimo de Ornelas
[disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Funchal]
Jerônimo e Lucrécia saíram de Guaringuetá, descendo possivelmente pelo litoral paulista, paranaense e catarinense, permanecendo por algum tempo em Laguna/SC até se fixarem nos arredores de Viamão/RS – o que viria a ser Porto Alegre, mais precisamente no Morro da Senhora Sant´Ana, cuja carta de sesmaria lhe foi outorgada em 1740. 
O casal gerou 10 filhos que acabaram por povoar toda a região do entorno de Porto Alegre: Triunfo, Camaquã, Guaíba, Tapes, Viamão, Taquari, General Câmara, Santo Amaro, entre outras. São eles:
11-1 Fabiana de Ornelas ou também Fabiana de Menezes, bat. 24/04/1724, Guaratinguetá/SP e fal. 02/03/1765, Triunfo/RS. Casou-se com José Leite de Oliveira, com quem teve nove filhos e dos quais descendem as famílias: Leite de Oliveira; Leite de Oliveira Salgado, afora outras.
11-2 Rita de Menezes, n. cidade de Cunha/SP e fal. 07/02/1801, Santo Amaro/RS. Casou-se com o capitão Francisco Xavier de Azambuja, paulista, com quem teve 12 filhos e dos quais descendem os: Azambuja; Alves Guimarães; Centeno; Alencastro; Azambuja Cidade e outros.
11-3 Antônio da Costa Barbosa, bat. 09/10/1727, Guaratinguetá/SP e fal. 18/08/1814, Triunfo/RS. Casou-se com Manuel Gonçalves Meireles, português, com quem teve 12 filhos, dos quais descendem: Gonçalves da Silva, inclusive Bento Gonçalves da Silva, farroupilha; Gonçalves Meirelles, Ferreira Leitão, Ribeiro da Cunha, Faria Lobato e outros.
11-4 Maria Leme Barbosa, n. cerca de 1728 em Laguna/SC e fal. 23/05/1792, Taquari. Casou em dezembro de 1747 em Viamão/RS com o tenente Francisco da Silva, português, com quem teve 12 filhos e dos quais descendem os Barbosa da Silva; Silva Barbosa e outros.
11-5 Manuel Dorneles, n. cerca de 1735, falecendo a 22/01/1757 no Rio dos Sinos, no RS, solteiro e, ao que parece, sem descendentes.
11-6 Gertrudes Barbosa de Menezes, n. 1738, Viamão e fal. 16/07/1820, Triunfo/RS, casando-se a 07/02/1755 com Luiz Vicente Pacheco de Miranda, português, com quem teve 13 filhos e dos quais descendem: Martins dos Reis; Pacheco de Miranda, Azambuja; Abreu, Menezes e outros.
11-7 Clara Barbosa de Menezes, n. 1741, Viamão, casando-se com José Fernandes Petim, português, com quem teve 10 filhos e dos quais descendem: os Petim, Barbosa Menezes; Vieira de Carvalho, Pires da Silveira Casado e outros.
11-8 Teresa Barbosa de Menezes, n. 1742, Viamão e fal. 20/10/1810, Porto Alegre, casando-se a 25/09/1758 em Triunfo com Agostinho Gomes Jardim, natural do Funchal, ilha da Madeira, com quem teve 12 filhos e dos quais descendem os Gomes Jardim; Jardim de Menezes; Meireles e outros.
11-9 Brígida de Ornelas de Menezes, n. cerca de 1745 em Viamão e fal. 04/08/1827 em Triunfo, onde se casou a 19/09/1763 com Jacinto Roque Pereira Guimarães, português, com quem teve 11 filhos e dos quais descendem os Pereira Guimarães; Pereira do Lago; Barbosa; Santos Lima e tantas outras famílias.
11-10 José Raimundo Dorneles, n. Viamão e provavelmente falecido solteiro.

LIVROS CONSULTADOS:
- FELGUEIRAS GAYO. Nobiliário de Famílias de Portugal. Braga: Tip. Augusto Costa & C.ª Lim.da, 1938, vol, VIII.
- FELIZARDO, Jorge G. O Sesmeiro do Morro de Sant´Ana. Separata da Revista Genealógica Brasileira. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1940.
- MENDES, Antônio Ornelas & FORJAZ, Jorge. Genealogias da Ilha Terceira. Lisboa: DisLivro Histórica, 2007, volumes  II e V.
- NORONHA, Henrique Henriques de. Nobiliário da Ilha da Madeira. Tomos I, II e III.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

A família "Gago da Câmara" (de Cananeia ao Rio Grande)


A Família

“Gago da Câmara”

[da Cananeia/SP ao Rio Grande]

Autoria de: Diego de Leão Pufal


[Esta publicação pode ser utilizada pelo(a) interessado(a), desde que citada a fonte: PUFAL, Diego de Leão. A Família Gago da Câmara - da Cananeia/SP ao Rio Grande, in blog Antigualhas, histórias e genealogia, disponível em http://pufal.blogspot.com.br/]


[acréscimos, dúvidas e correções escreva para diegopufal@gmail.com]

[atualizado em 30/04/2016]


Os “Gagos da Câmara” emigraram pela segunda metade do século XVIII do Arquipélago dos Açores, ilha de São Miguel, estabelecendo-se no litoral paulista, na então Vila de Cananéia. Alguns filhos do patriarca permaneceram no Estado de São Paulo, enquanto outros se radicaram na Bahia e no Rio Grande do Sul. No Sul do Brasil fizeram história na cidade de São Leopoldo e arredores, deixando larga e conhecida descendência.
Monumento em homenagem a João Gonçalves
Zarco no centro de Funchal, patriarca da família
Câmara nos Açores. Foi navegador português e
cavaleiro fidalgo da Casa do infante D. Henrique.
Em 1460 o Rei D. Afonso V concedeu brasão
de armas e o apelido de Câmara de Lobos a
João Gonçalves Zarco, passando então a
assinar João Gonçalves de Câmara.
[disponível em:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Jo%C3%A3o_Gon%C3%A7alves_Zarco]
1. Francisco Gago da Câmara nasceu a 18/1/1706 na freguesia de São Pedro da Ponta Delgada, ilha de São Miguel, Açores e faleceu no ano de 1778 em Cananeia/SP. Exerceu os cargos de Sargento-mor e de Capitão-mor de Ordenanças em Cananeia e foi o emigrante. Segundo o Anuário Genealógico Latino de Salvador da Moya (p. 210), Francisco Gago da Câmara no ano de 1765, em Cananeia, tinha uma renda anual de 1:200$000 réis, 38 escravos e 6 armas de fogo. No ano de 1777 retornou aos Açores por lhe constar ter morrido seu irmão Luís Gago da Câmara e com o intuito de entrar na posse do morgadio de Guiomar de Teive, cuja administração foi entregue a José Nicolau Rebelo Borges.
A ascendência de Francisco Gago da Câmara foi tratada por Antônio Ornelas Mendes e Jorge Forjaz, nas “Genealogias da Ilha Terceira” (Lisboa: DisLivro Histórica, 2007, v. IV, em título Gago), e pode assim ser resumida:
I. Francisco Gago da Câmara, n. 18/1/1706, São Pedro da Ponta Delgada, ilha de São Miguel, foi filho de:
II. Isabel da Câmara e Silva, bat. 6/6/1667, São Pedro da Ponta Delgada, onde a 30/6/1681 casou com João da Fonseca de Teve, filho do capitão Manuel da Fonseca Escórcio (ou de Teve) e de Maria Pimentel de Seixas, n.p. Miguel Ferreira Escórcio (ou Cardoso) e de Leonor da Fonseca Camelo, n.m. Pedro de Souza Coelho e de Isabel do Porto Pimentel. Isabel da Câmara foi filha de:
III. Gonçalo da Câmara e Silva (ou Gonçalo da Câmara e Sá), n. Ponta Delgada. Foi alferes da bandeira da Câmara de Ponta Delgada por alvará de 1673 e capitão de ordenanças. Casou a 26/11/1657 em São Pedro da Ponta Delgada com Mariana de Gusmão Orosco, filha de Manuel Cordeiro de Orozco (ou de Arez), nascido nas Índias da Castela, e de Ana de Pimentel, com quem casou a 6/9/1635 em São José da Ponta Delgada, ilha de São Miguel, n.m. João Cordeiro da Cunha e Clara Josefa de Souza Pimentel (ascendência em “Genealogias da Ilha Terceira, III, p. 355). Gonçalo foi filho de:
IV. Rui Gago da Câmara, bat. a 15/7/1606 na Matriz da Ribeira Grande, ilha de São Miguel e fal. 22/11/1658 em São Pedro da Ponta Delgada. Segundo os mencionados autores das “Genealogias da Ilha Terceira” (p. 688), Rui Gago “passou à Flandres em 1635, onde serviu como alferes nos exércitos do cardeal-infante D. Fernando e do de D. Francisco de Melo. Esteve nas campanhas de Vanloo, Ruremond, St. Venant, Bruges, Barlamont, Calais, Gueldre, La Basset e Homecourt, até 1643, ano em que caiu prisioneiro na batalha de Rocroy e foi enviado para Portugal. Serviu depois nas campanhas da Restauração como capitão de Infantaria, distinguindo-se na defesa de Olivença em 1648. Foi capitão entretenido no Castelo de S. João Baptista de Angra, por alvará de 18.11.1654, e da ilha de S. Miguel por alvará de 21.10.1655; cavaleiro da Ordem de Aviz, com comenda, por portaria de 20.6.1657”. Após foi vereador da Câmara de Ponta Delgada (1657). Casou em São Pedro da Ponta Delgada a 16/7/1720 com Ana de Bittencourt e Sá, filha do alferes-mor Brás Barbosa da Silva e Catarina de Bittencourt, n.p. Hércules Barbosa e Isabel Fernandes Ferreira. Rui Gago foi filho de:
V. Rui Gago da Câmara, fal. 02/08/1616 na Ribeira Grande, ilha de São Miguel, com testamento feito em 16.12.1613. Dali foi seu capitão-mor, “muito cortesão e discreto” (Op. cit, p. 688). Casou entre 1590 e 1601 com Francisca de Oliveira de Vasconcelos, filha de Manuel de Oliveira e Vasconcelos e de Isabel Nogueira, n.m. Estevão Nogueira e Paulina Barbosa (esta, por sua vez, prima em segundo grau do mencionado Hércules Barbosa). Rui Gago foi filho de:
VI. Rui Gago da Câmara, fal. a 21/07/1595 na Ribeira Grande, ilha de São Miguel, com testamento feito a 25/08/1590. Foi administrador do vínculo do padre Gago Bocarro, procurador das Câmaras da ilha de S. Miguel, em Lisboa, e capitão-mor da Ribeira Grande em 1571. Recebeu armas (brasão) em 16/05/1563: “um escudo com as armas dos Gagos, tendo por diferença um cardo de ouro florido. O original desta carta encontra-se hoje no Brasil, na posse de particulares” (Genealogias da Ilha Terceira, v. IV, p. 684). Rui casou com Isabel Botelho de Melo, filha de Garcia Rodrigues Camelo e de Maria Travassos, n.p. João Álvares Camelo. Rui foi filho de:
VII. Paulo Gago, o qual viveu na Ribeirinha, da Ribeira Grande e “era discreto, latino e bom cavaleiro, um dos melhores que havia na ilha, e nunca lhe levava a avantagem de bem posto e consertado e muito airoso a cavalo”, segundo Gaspar Frutuoso, citado por Antônio de Ornelas Mendes e Jorge Forjaz (Op. Cit, IV, p. 684). Paulo casou em 1530 com D. Guiomar da Câmara, filha de Antão Rodrigues da Câmara, o Mulato, que instituiu o morgado da Ribeirinha, na ilha de São Miguel, por alvará de 1508, e de Catarina da Cunha, n.p. Rui Gonçalves da Câmara e de Maria Rodrigues, os quais não foram casados. Rui Gonçalves da Câmara, por sua vez, nasceu na ilha da Madeira e foi filho de João Gonçalves Zarco (a quem se atribuía a descoberta da Ilha da Madeira e o genearca de toda família Câmara dos Açores - ascendente também de Jerônimo de Ornellas Menezes e Vasconcelos, sesmeiro de Porto Alegre - antepassado de Diego de Leão Pufal e muitos riograndenses) e de Constança Rodrigues. Paulo foi filho de:
VIII. Luís Gago, n. Beja. Serviu nas guerras contra Castela e, de acordo, com os mencionados autores (p. 682), Luís Gago foi moço fidalgo da Casa da Rainha e cavaleiro fidalgo da Casa Real e instituidor de um vínculo a 4.3.1534. Casou com Branca Afonso da Costa, filha de Afonso Anes Colombreiro da Costa e de Beatriz Rodrigues Carneiro, “nobre mulher, natural do Porto” (Op. Cit., v. III, p. 549). Afonso saiu de sua terra natal, Raposeira, para a ilha da Madeira, de onde passou em 1449 para a ilha de São Miguel e foi filho de Rodrigo Anes Cogombreiro da Costa. Luís foi filho de:
IX. Estevão Rodrigues Gago, n. em Alcácer do Sal. Segundo Gaspar Frutuoso (Op. Cit., pp. 681/682), Estevão foi “fidalgo que fez muitos serviços a El-rei nas guerras de Castela, onde foi muito ferido, principalmente de uma lançada, que em se recolhendo os portugueses lhe deram os castelhanos de arremesso por baixo das couraças, nos lombos, de que lhe ficou um nó grande por sinal”. Foi ouvidor da Casa do Duque de Beja e do Mestrado da Ordem de Cristo. Casou com ... Godinho. Antônio Ornelas Mendes e Jorge Forjaz sugerem que Estevão Rodrigues Gago tenha sido filho de Rui Gago e, assim, neto de Lourenço Anes Gago que viveu em Beja entre o final do século XIV e século XV.
O Capitão-mor Francisco Gago da Câmara casou-se a 18/10/1733 em Cananeia/SP com Madalena de Freitas Sobral, n. em 1707, filha do capitão Antônio de Freitas Henriques e Cecília Sobral, cujas ascendências não descobrimos. Porém, do inventário do irmão de Madalena, de João Batista Sobral, autuado em 1753, disponível na página do Projeto Compartilhar (Coordenação: Bartyra Sette e Regina Moraes Junqueira - www.projetocompartilhar.org), foi possível encontrarmos mais dados sobre esta família. O processo foi autuado em 1753 na “Paragem Cachoeira do Brumado, arrabaldes dos Olhos Dagua – Freguesia de Prados – Termo de São José – Comarca do Rio das Mortes”, tendo João Batista Sobral falecido com testamento, deixando como herdeira de seus bens sua mãe, visto ser solteiro e seu pai já falecido. João Batista nasceu em Cananeia/SP e deixou, ao falecer, um sitio denominado “A Cachoeira do Brumado”, com casas térreas de vivenda, paiol, moinho cobertos de telha, senzalas, chiqueiros e estrebaria cobertos de capim, confrontando a Leste com Jose Mendes, a Norte com José Vieira e Antônio Pinto de Souza; à Oeste com Antônio Machado Rodrigues e ao Sul com Manoel Pereira. Com 16 alqueires de milho plantado – Tudo avaliado em 1:570$000 réis; 10 escravos; 94 cabeças de gado; 14 cavalos e 40 alqueires de feijão e 900 alqueires de milho empaiolados, com monte-mor de 4:314$078 réis. Na ocasião, D. Cecília de Sobral declarou que “teve com o falecido Capitão Antônio de Freitas Henriques os filhos: Lourenço de Freitas Henriques, João Batista de Sobral. Antônio de Freitas e Madalena de Freitas.”
Cananéia localiza-se no litoral de
São Paulo e faz parte da história
brasileira desde o seu descobrimento.
Próximo à cidade de Iguapé e na
fronteira com Paraná, muitos ali
nascidos foram povoar o Estado
vizinho e, consequentemente, o
Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
[imagem de satélite da região de
Cananéia, disponível em:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Canan%C3%A9ia]


No censo de 1765 constam como moradores no bairro da Barra em Cananeia (Arquivo do Estado de São Paulo - AESP): Francisco Gago da Câmara, com 50 anos, casado com Madalena de Freitas, com dois filhos de nome Caetano, 28 anos e José, com 22 anos, possuidores de seis armas de fogo, 38 escravos e 1:200$000 réis; Agostinho Rodrigues da Silva, com 24 anos, casado com Leonarda Maria da Câmara, proprietários de cinco escravos e sem filhos. Já no censo de 1767 no mesmo bairro consta: Francisco Gago da Câmara, vivendo de sua mercancia e de sua embarcação, sua mulher Margarida, e o filho José, ausente; na companhia dos Auxiliares deste mesmo ano consta o capitão Caetano Gago da Câmara, ausente; o tenente Agostinho Rodrigues de Souza, vivendo de suas lavouras, casado, pai de dois filhos e com cinco escravos.
Francisco Gago da Câmara e sua esposa D. Madalena de Freitas Sobral geraram seis filhos Caetano, Leonarda, Antônia Inácia, José, Francisca e Luísa Bárbara Gago da Câmara, que seguem:
2.1 Caetano Gago da Câmara, foi capitão de milícias, n. 1734 em Cananeia/SP e fal. antes de 1779 na ilha de São Miguel, para onde acompanhou seu pai em 1777 para administrar o margadio da família. Lá faleceu solteiro, não deixando descendentes. Segundo a lista de Auxiliares de 1772 (Arquivo Ultramarino, Lisboa), residia em Cananeia o capitão-mor Caetano Gago da Câmara, então com 38 anos, solteiro.
2.2. José Gago da Câmara, n. 1744, Cananeia/SP e fal. depois de 1765, solteiro, sem deixar, ao que parece, descendentes.
2.3 Leonarda Maria Gago da Câmara, n. 1747, Cananeia/SP e fal. 11/01/1823, Porto Alegre/RS, de disenteria, com mais de 70 anos, viúva, tendo sido sepultada no cemitério da Matriz de Porto Alegre. 
Registro de óbito de D. Leonarda Maria Gago da Câmara, aos 11 de janeiro de 1823 em Porto Alegre, de disenteria, com todos os sacramentos, com mais de setenta anos de idade, viúva do capitão Agostinho Rodrigues da Silva.
[AHCMPA: livro 4º de óbitos da Catedral de Porto Alegre, p. 21v]
Casou entre os anos de 1760/1763 em Cananeia/SP com o tenente Agostinho Rodrigues da Silva (ou Agostinho Rodrigues de Souza), nascido em 1740, Cananeia/SP e fal. 03/07/1817, Porto Alegre/RS, aos 70 anos, tendo sido seu corpo sepultado no cemitério da Matriz (Catedral).
Registro de óbito de Agostinho Rodrigues da Silva, aos 03 de julho de 1817 em Porto Alegre, faleceu de "d´apostema interior", com o sacramento da Penitência e Extrema unção, aos 70 anos de idade, natural do Bispado de São Paulo casado com Leonarda Maria Gaga da Câmara.
[AHCMPA: livro 3º de Óbitos da Catedral de Porto Alegre, p. 83 verso]. 
Pelos censos de 1765 e 1767, verificamos que Agostinho, no primeiro, contava 24 anos, enquanto no segundo é apontado como tenente da Companhia de Auxiliares da Vila de Cananeia, viver de suas lavouras, casado, pai de dois filhos e proprietário de cinco escravos.
Por ocasião do censo realizado em 1772 em Cananeia (lista de Auxiliares – Arquivo Ultramarino, Lisboa), residiam na vila:
·       O tenente Agostinho de Souza, 32 anos;
·       Leonarda Gaga da Câmara, esposa, 25 anos;
·       Tomásia, filha, 8 anos;
·       Luísa, filha, 5 anos;
·       Feliciana, filha, 3 anos;
·       Serafim, filho, 2 anos, e
·       Gertrudes, filha, 2 meses.
O casal nesta época viva de seus negócios e era proprietário de dois escravos.
Segundo o Anuário Genealógico Latino de Salvador da Moya (p. 210), o tenente Agostinho com sua mulher e filhos abandonou Cananeia, em navio próprio, a 06/01/1794 “não se sabe para onde nem o que lhes aconteceu” (ver ofício do sargento-mor da Cananeia ao Governador da Capitania).
Efetivamente a família de D. Leonarda abandonou Cananeia, estabelecendo-se no Rio Grande do Sul, inicialmente em Porto Alegre e, depois, em cidades vizinhas, como Capela de Santana, Triunfo e São Leopoldo.
D. Leonarda e o tenente Agostinho geraram, ao menos, sete filhos: Tomásia, Luísa, Feliciana, Serafim, Gertrudes, Florêncio e Agostinho, que seguem:
3.1 Tomásia Gago da Câmara, n. 1764, Cananeia/SP. Sem mais notícias.
3.2. Luísa Gago da Câmara, n. 1767, Cananeia/SP. Sem mais notícias.
3.3. Feliciana Alexandrina da Silva Câmara, n. 1769, Cananeia/SP. Casou com José dos Santos Telles de Menezes, n. 1785, Cidade do Porto, batizado na Igreja de Santo Ildefonso, Portugal, filho de José dos Santos de Vasconcelos e Ana Angélica Telles de Menezes. O casal residia em Porto Alegre/RS. José foi irmão da Irmandade da Santa Casa de Porto Alegre. José dos Santos e esposa não deixaram descendentes, tendo ele falecido com testamento em Porto Alegre, em 06/09/1856. José declarou, na ocasião, sua naturalidade, filiação, além de não ter deixado filhos com sua esposa Feliciana Alexandrina, apesar de criar dois expostos da Santa Casa de Misericórdia. Declarou ainda que seu corpo fosse “involto no habito e São Francisco, será conduzido sem pompa à Igreja da Santa Caza de Mezericordia, di donde sou Irmão, e ahi no Simitério sepultado”. (APRS: proc. n. º 1.070, maço 56, ano 1840, cartório da Provedoria de Porto Alegre). D. Feliciana também faleceu com testamento em Porto Alegre (APRS: proc. 1.724, maço 67, 1866, cartório da Provedoria de Porto Alegre) e, por não deixar filhos, legou:
·       a quantia de cem mil réus a cada uma de suas sobrinhas: Maria Rita, Clara, Maria das Dores, Ana, Francisca de Paula e ao sobrinho José, todos filhos de sua irmã Gertrudes, já falecida;
·       a mesma quantia à sobrinha Maria, filha do irmão Agostinho;
·       à sobrinha e afilhada Anna Maria das Dores, filha de seu irmão Florêncio um terreno em sua chácara, com 30 palmos de frente para a “Nova rua projectada na mesma Chacara com direção à rua dos Moinhos, e com cento e quatro palmos de fundos” e mais cem mil réis;
·       à sobrinha Leonarda, filha do irmão Florêncio, a quantia de 100$000 réis; ao sobrinho-neto José, filho de Leonarda, a mesma quantia de 100$000 réis (cem mil réis);
·       à afilhada Feliciana, filha do compadre Francisco Silveira de Azevedo, casada com Antônio de Tal, oficial de ferreiros, um terreno com 30 palmos de frente com 104 de fundos na sobredita projetada rua na mesma Chácara;
·       outro terreno de mesmo tamanho à sobrinha Ana casada com João Álvares Guterres e seu filho Honório, seu afilhado;
·       deixou a quantia de 400$000 réis para ser empregada em ações da Companhia Hidráulica, a serem entregues à afilhada Francisca de Paula, criada em sua casa, “para gozar de seos rendimentos como propriedade sua, com a clauzula porém de nunca poder ella (...) vender as referidas acções enquanto for viva; por sua morte passarão as mesmas acções à Irmandade de N. Senhora da Conceição a quem ficão difinitivamente pertencendo”;
·       à afilhada Clara, filha do finado Manuel Alves Ribeiro e à sobrinha Maria das Dores, um terreno na mesma chácara situado na várzea desta cidade (Porto Alegre) com 50 palmos de frente para a mesma várzea, entre a casa do pardo S. Anna, e o terreno de Francisco José Moreira, com fundos iguais do mesmo S. Anna e Moreira, e mais 100$000 réis em dinheiro;
·       ao Senhor dos Passos da Santa Casa de Misericórdia a quantia de 100$000 réis;
·       a quantia de 400$000 réis à sobrinha Manuela, filha do finado Manuel Alves Ribeiro e à sobrinha Maria das Dores, quantia a ser recolhida no Banco da Província;
·       à afilhada Rosa Maria da Conceição que vivia em sua companhia, deixou em usufruto à casa de sua chácara, com seu terreno, obrigando-a “a tratar de meo Oratorio com as Imagens que nelle existem, com a mesma decencia e devoção com qui sempre a tenho feito, e a conservar em sua companhia as minhas escravas Francisca e Delfina, ambas crioulas a quem deixo libertas, com a clauzula de se conservarem em comp.ª da referida minha afilhada até se casarem ou até que completem a idade de 25 annos, época em que receberão suas cartas de liberdade”;
·       na mesma chácara deixou um terreno com frente à várzea, entestando à chácara do Dr. Ramos, para nela “se edificar uma Capella com a invocação de N. S. das Dores, cuja imagem existe no meo Oratorio particular, e sua mesma Capella serão collocadas as outras imagens existentes no mesmo meo Oratorio”;
·       libertou os escravos Bernardino, com 18 anos e Benedito“e poderão, se quizerem, continuar a morar na mesma Chácara, e nos respectivos aposentos, durante a vida de minha afilhada Rosa”;
·       no caso de sua sobrinha e comadre D. Maria das Dores quisesse morar na casa de sua chácara enquanto fosse viva, a sua afilhada Rosa lhe destinaria sua parte da casa para sua vivenda sem ônus ou obrigação alguma;
·       a casa que possuía com três janelas na frente da várzea, construída na esquina da rua Projetada, deveria ser vendida para que se cumprisse as disposições testamentárias e, acaso não fosse necessário, deixava à afilhada Rosa Maria da Conceição para seus rendimentos e sustento de suas escravas Delfina e Francisca;
·       os terrenos de sua chácara que estivessem desembaraçados seriam vendidos da esquina da casa para o lado leste, pois o lado oeste destinava para a capela de N. Sra. das Dores, a fim de cumprir as disposições testamentárias;
·       solicitou que seu testamenteiro arrendasse a catacumba onde estavam os restos mortais de seu falecido marido, local onde também deveria depositar os seus; pediu, ainda ao seu testamenteiro que fizesse “seo enterro com decência mas sem pompa, e mandarão dizer por minha alma as missas que for possível de corpo presente e no sétimo dia”.
·       nomeou como testamenteiros, em primeiro lugar, o padre da Igreja do Rosário José Inácio de Carvalho e Freitas, em segundo, Francisco José Moreira e, em terceiro, João Álvares Guterres;
·       os bens móveis de sua chácara deixou à afilhada Rosa, enquanto os talheres de prata os dividiu às sobrinhas e afilhadas Maria das Dores, Rosa Maria da Conceição, Virgínia Maria das Dores casada com Joaquim de Santa Ana André, Francisca de Paula casada com Antônio de Tal Godinho;
·       à sobrinha Maria das Dores deixou uns óculos de aros de ouro, e outros maiores à afilhada Rosa Maria da Conceição;
·       ao escravo Bernardino, liberto, deixou um cordão de ouro com duas varas de cumprimento; à escrava Delfina uma vara de cordão de ouro e à escrava Francisca um par de argolas de ouro.
Da leitura do testamento, verificamos a grande devoção de D. Feliciana para com N. Sra. das Dores, tanto em razão de algumas afilhadas e sobrinhas seguirem com o nome “das Dores”, como por ter legado um espaço para a construção de uma capela em homenagem à Santa.
D. Feliciana e marido residiam em sua chácara na Várzea de Porto Alegre, em frente ao atual parque Farroupilha, no que vem a ser hoje a Avenida Osvaldo Aranha, a qual acreditamos tenha sido denominada, no testamento, como “Rua Projectada”.
Tanto é assim, que Sérgio da Costa Franco (Porto Alegre: Guia Histórico. Porto Alegre: UFRGS, 3. ed., 1998, p. 296), ao tratar sobre a Avenida Osvaldo Aranha, menciona:
[...] perdurou o problema da fixação de um alinhamento. Em sessão de 26/10/1843, da Câmara Municipal, diante de um pedido feito por José dos Santos Teles de Menezes e por Isabel Maria da Trindade, decidiram os vereadores ‘que se  desse o alinhamento pedido, por isso que, com a falta do mesmo, sofrem os proprietários que pretendem edificar, e para os que já têm os precisos materiais expostos ao tempo e deteriorando-se por isso [...].
3.4 Serafim Elói da Silva, n. 1770, Cananéia/SP e fal. 5/5/1801, Porto Alegre/RS, solteiro, aos 30 anos de idade.
3.5 Gertrudes Maria Gago da Câmara ou Gertrudes Maria da Silva Câmara, n. 1772, Cananéia/SP e falecida em Porto Alegre, com testamento feito em 31/01/11855 (APRS: proc. n.º 1.393, maço 64, cartório da Provedoria, ano de 1855). Casou com Antônio José Telles de Menezes, n. freguesia de São Martinho, Penafiel, Portugal e fal. 19/03/1842, Porto Alegre/RS, f.º de José Lopes Xavier Pinto e Vitória Joaquina Telles de Menezes.
Em seu testamento, D. Gertrudes Maria Gago da Câmara, “achando-me com saúde e em meu perfeito juízo”, declarou ter nascido
na Villa de Sam João Baptista de Cananea da província de Sam Paulo, fui baptizada na respectiva Igreja Matriz, sou filha legitima do Capitão Agostinho Rodrigues Silva, e de sua mulher Dona Leonarda Maria Gago da Camara, ambos já falecidos, filha de pais catholicos eu otinha sido e serei sempre athe ao ultimo instante da minha vida, pela convicção que sempre tive e tenho de ter a única everdadeira religão, na qual pretendo viver e morrer, amparada e socorrida com aproteção da Santissima Virgem nossa Senhora, e defendida pelo bendito Anjo da minha Guarda.
Disse ainda ter sido casada “à face da Igreja” com Antônio José Telles de Menezes, já falecido, “de cujo matrimonio tivemos quinze filhos, dos quaes prezentemente vivem sete por terem os outros falecido, um de menor e outros de maior idade.”
Nomeou para testamenteiros, em primeiro lugar, o filho José Antônio Telles da Câmara; em segundo, José Inocêncio Pereira e, em terceiro, o Sr. Lopo Gonçalves Bastos.
Declarou “os bens que actualmente possuo”: uma chácara com 224 braças mais ou menos de frente para a estrada que segue à Capela de Viamão, e 600 braças mais ou menos de fundo a entestar por um valo de terras dos herdeiros de Constantino Moraes, a qual estava hipotecada em favor do senhor Antônio José de Araújo Basto em razão da dívida de 2:720$000 réis, “provenientes de dinheiros com que em diversas occazioens me suprio para meu alimento vestuario curativos em minha enfermidade e de minha familia”, e dois escravos de nação de nomes Joaquim e Jesuína.
Primeira página do testamento de
D. Gertrudes Maria Gago da Câmara
[APRS: proc. 1.393]
D. Gertrudes era irmã das Irmandades de N. Sra. da Conceição de Porto Alegre e da cidade de Jerusalém, da do Santíssimo Sacramento e da Senhora Madre de Deus. À primeira legou “cem carradas de pedra de minha chácara, com a condição de ser mandada arrancar e conduzir por conta e despeza da irmandade”.
Mandou dizer cinco missas por alma de seu marido e outras cinco pela dela, “as quaes serão celeberadas no oratório de minha caza, ou no Altar de nossa Senhora da Conceição da Igreja Cathedral desta Cidade”.
O remanescente de sua terça deixou às quatro filhas solteiras: Francisca, Leonarda, Clara e Ana Joaquina.
Assinou a seu rogo, “por não saber escrever” o senhor Joaquim Pereira do Couto.
Antônio José Telles de Menezes e Gertrudes Maria foram pais de 15 filhos, sendo que apenas foram identificados 14, dos quais oito já eram falecidos em 1855. Pais de:
4.1 Leonarda Telles de Menezes, n. 11/5/1796, bat. 30/5/1796, Porto Alegre. Em 1855 era solteira.
4.2 Antônio Telles de Menezes, n. 30/3/1799, bat. 14/4/1799, Porto Alegre.
4.3 Gertrudes Telles de Menezes, n. 21/5/1800, bat. 2/6/1800, Porto Alegre. Gêmea de Vitória. Falecida antes de sua mãe.
4.4 Vitória Joaquina Telles de Menezes, n. 21/5/1800, bat. 2/6/1800, Porto Alegre – gêmea de Gertrudes -, onde fal. 12/12/1834, solteira.
4.5 Clara Telles de Menezes, n. 8/8/1801, bat. 16/8/1801, Porto Alegre. Em 1855 era solteira.
4.6 Fortunata Maria da Câmara Telles, n. 9/3/1803, bat. 19/3/1803, Porto Alegre, onde faleceu solteira aos 29/7/1840.
4.7. Vitória Telles de Menezes, n. 15/5/1804, Porto Alegre.
4.8 João Telles de Menezes, n. 9/8/1805, bat. 18/08/1805, Porto Alegre.
4.9 Maria da Conceição Telles de Menezes, n. 11/04/1807, bat. 22/04/1807, Porto Alegre casou a 1º/6/1836 com Joaquim Moreira Júnior, filho de Manuel Moreira e Ana Maria Rosa. Pais de:
5.1 Ana Maria Moreira, n. Porto Alegre, onde casou com João Alves Guterres, testamenteiro da tia-avó de sua mulher, D. Feliciana Maria Gago da Câmara, n. Porto Alegre/RS, filho de José Alves Ribeiro Guimarães e Clara Amália Guterres (casados em Porto Alegre a 25/12/1826), neto paterno de José Álvares Ribeiro Guimarães e Juliana Álvares Veludo (abaixo citados) e, materno, de Tomaz Luís dos Santos Guterres e Violante Maria de Jesus. Pais de:
6.1 Ildefonso Moreira Guterres, n. 4/6/1861, Porto Alegre.
6.2 Zulmira Moreira Guterres, n. 27/1/1863, Porto Alegre.
6.3 Honório Moreira Guterres, n. 13/4/1865, Porto Alegre.
6.4 Isolina Moreira Guterres, n. 13/4/1869, Porto Alegre.
6.5 Julieta Moreira Guterres, n. Porto Alegre, onde se casou a 18/9/1897 (Igreja do Menino Deus) com José Emílio Victória, filho de Francisco Gonçalves Victória e Mathildes Pereira da Silva.
4.10 José Antônio Telles de Menezes, n. 3/11/1808, bat. 11/11/1808, Porto Alegre.
4.11 Maria das Dores Telles, bat. 3/7/1810, Porto Alegre, onde se casou a 2/3/1844 com Manuel Álvares Ribeiro, n. Porto Alegre, filho de José Álvares Ribeiro Guimarães (n. 1768 na freguesia de São Miguel das Caldas, Guimarães, Braga, Portugal e fal. 25/04/1804, Porto Alegre, casando-se a 19/10/1795 em Osório/RS) e de Juliana Álvares Veludo (bat. 30/04/1773, Viamão/RS e fal. 25/08/1845, Porto Alegre) (acima mencionados), neto paterno de Manuel Álvares Ribeiro e Marcelina Álvares de Jesus e, materno, de José Álvares Veludo (n. São Mamede, Porto, Portugal) e Maria Teresa de Jesus (n. ilha de São Miguel, Açores). Pais de:
5.1 Clara Ribeiro, n. Porto Alegre.
5.2 Manuela Ribeiro, n. Porto Alegre.
4.12 Joana Telles de Menezes, bat. 11/05/1812, Porto Alegre.
4.13 Maria Rita da Câmara Telles de Menezes, n. Porto Alegre, onde a 11/04/1831 casou-se com Manuel de Freitas Júnior, n. Mostardas/RS, filho de Elias José de Freitas e Francisca Pereira de Souza.
4.14 Ana Joaquina Telles de Menezes, bat. 02/02/1819, Porto Alegre. Em 1855 era solteira.
4.15 Francisca de Paula Telles de Menezes, n. Porto Alegre. Em 1855 era solteira.
3.6 Florêncio Antônio da Silva Câmara (às vezes apenas Florêncio Antônio da Silva), n. cerca de 1775 em Cananeia/SP e falecido no Rio Grande do Sul. A 06/05/1800 em Laguna/SC casou-se com Ana Maria da Silva, n. 21/10/1779, Porto Alegre/RS, filha de Bartolomeu Antônio (n. cerca de 1745 na freg. de N. Sra. das Neves, ilha de São Jorge, Açores; casado a 1º/6/1761 em Rio Grande/RS) e de Eusébia Maria da Silva (bat. 12/3/1749, Rio Grande/RS), neta paterna de Jorge Teixeira de Melo e Catarina Machado e, materna, do soldado dragão Francisco da Silva Coutinho (n. Santiago de Inhaúma/RJ – filho de Antônio da Silva Cardoso e Maria de Souza) e de Maria da Ascenção (n. Colônia do Sacramento, Uruguai – filha de Francisco de Seixas, n. Cima do Douro, Portugal, e de Maria dos Ramos, n. São João de Mereti/RJ).
Florêncio e esposa residiam na Capela de Sant´ana do Rio dos Sinos ou Capela de Santana (Capela Azevedo), onde tinha lavouras. Em 1831, por ocasião do casamento de Maria das Dores Gago da Câmara, filha de Florêncio, com o primo Serafim da Silva Câmara (AHCMPA, habilitação de casamento n.º 237, caixa 213), foi mencionado que Florêncio ali residia, com lavouras, sendo pai de 13 filhos. Apesar disso, encontramos apenas 10 filhos do casal Florêncio Antônio e Ana Maria:
4.1 José da Silva Câmara, n. 10/08/1803, Porto Alegre.
4.2 Florêncio da Silva Câmara, n. 30/5/1805, bat. 12/6/1805, Porto Alegre.
4.3 Agostinho Rodrigues da Silva Câmara, n. 23/9/1808, bat. 08/10/1808, Gravataí. Casou-se com Silvéria Maria do Nascimento, n. RS, filha de Silvestre José de Ávila e Juliana Maria do Nascimento. Pais de:
            5.1 Geralda da Câmara, n. 5/12/1855, Palmeira das Missões/RS.
4.4 João Antônio da Silva Câmara, n. 30/7/1809, bat. 23/8/1809, Gravataí. A 21/11/1835 em Capela de Santana/RS casou-se com Leonor Constança do Nascimento, ali nascida, filha de José Pio do Nascimento (n. 1785 e fal. 1º/11/1831 em Capela de Santana) e de Ana Rosa de Souza. Pais, ao menos, de:
5.1 Narcisa Amália do Nascimento, n. Capela de Santana/RS. Casou-se a 19/8/1888 em Pareci Novo (reg. São Sebastião do Caí) com Bento Eufrásio Alves, n. Ceará, filho de José Eufrásio Alves e Maria Francisca de Jesus.
4.5 Antônio da Silva Câmara, bat. 10/11/1810, Porto Alegre.
4.6 Leonarda Maria Gago da Câmara (neta), n. 23/11/1812, bat. 08/12/1812, Gravataí. Casou-se a 7/10/1837 em Capela de Santana com Florêncio Leite de Oliveira, n. 15/3/1795, bat. 16/4/1795, Triunfo/RS, filho de Luiz Leite de Oliveira e Teresa Francisca Lagoa, neto paterno de José Leite de Oliveira e Fabiana de Ornelas (esta filha de Jerônimo de Ornelas Menezes e Vasconcelos e de Lucrécia Leme Barbosa). Pais de:
5.1 Ana, n. 21/9/1838, bat. 28/9/1838, Porto Alegre, onde fal. 05/12/1839.
5.2 Ana Maria Leite, bat. 19/7/1840, Porto Alegre. Casou-se com Desidério Inácio Nunes, filho de Manuel Inácio de Souza e Maria Nunes Vieira. Pais de:
6.1 Adelaíde Nunes, n. 10/10/1883, bat. 12/01/1884, São Leopoldo.
6.2 Maria das Dores de Oliveira Nunes, n. Capela de Santana, onde casou a 10/3/1877 com seu tio Antônio Leite de Oliveira, abaixo citados.
5.3 Maria Leite de Oliveira, n. 10/6/1842, bat. 10/7/1842, Capela de Santana.
5.4 Florêncio Leite de Oliveira, n. 4/4/1844, bat. 24/4/1844, Capela de Santana.
5.5 Leonarda Leite de Oliveira, bat. 18/7/1846, com 3 meses, em São Leopoldo. Casou a 28/2/1876 em Capela de Santana com Fortunato Rodrigues da Rosa, ali nascido, filho de Fortunato Rodrigues da Rosa e Maria Bernardina Ferraz de Abreu.
5.6 Maria Leite de Oliveira, n. 22/07/1849, bat. 10/01/1850, Rio Pardo/RS. A 23/7/1864 em Capela de Santana casou-se com Manuel Jacinto Nunes, filho de Manuel Inácio de Souza e Maria Nunes Vieira.
5.7 José Leite de Oliveira Câmara, n. 1º/5/1851, bat. 13/10/1851, Porto Alegre. Casou-se a 20/7/1889 em Capela de Santana com Maria Antônia da Silva, filha de Antônio Inácio da Silva e Francisca Paulina de Oliveira.
5.8 Antônio Leite de Oliveira, n. 5/2/1855, bat. 3/3/1855, Capela de Santana, onde casou a 10/3/1877 com sua sobrinha Maria das Dores de Oliveira Nunes, ali nascida, filha de Desidério Inácio Nunes e Ana Maria Leite, acima citados.
4.7 Ana Maria das Dores, bat. 11/01/1817, Capela de Santana.
4.8 Mariano da Silva Câmara, n. 15/11/1818, bat. 9/12/1818, Capela de Santana. Casou-se a 19/2/1841 em Rio Pardo/RS com Maria Carolina da Silva Borges, n. Rio Pardo, filha de Alexandre José Borges (n. Rio Pardo, onde se casou a 12/8/1811) e de Francisca Mariana da Silva (n. 9/8/1796, bat. 21/8/1796, Rio Pardo), neta paterna de Joaquim José Pereira Borges (n. freguesia de Santa Clara de Torrão, Porto, Portugal e casado a 29/9/1784, Gravataí/RS) e de Plácida Maria de Jesus (n. Gravataí, filha de Casemiro Pinto Bandeira ou da Silva Pinto e Maria Luciana de Jesus) e, materna, de João da Silva Mariano (n. São José/SC) e de Rosa Maria da Conceição (n. Viamão ou Gravataí/RS). Mariano e Maria Carolina foram pais de:
5.1 Mariano da Silva Câmara, n. Rio Pardo. Casou a 8/5/1871 em Porto Alegre com Carolina de Jesus Severo, ali n., filha de João Antônio Severo e Fermina Maria de Jesus.
5.2 Florêncio da Silva Câmara, capitão, n. 27/12/1844, Soledade/RS e fal. 13/01/1902 em São Leopoldo. Em 1879 era tenente honorário do Exército. Foi Prefeito de São Leopoldo de 1900 a 1902. Segundo escreveu Sonia Weber Cardoso (São Leopoldo Antigo: A cidade brasileira de colonização alemã. Porto Alegre: Suliani, 2007, pp. 100/101):
O senhor Florêncio da Silva Câmara era natural de Soledade e de lá veio morar nesta cidade. Com grandes conhecimentos e cultura, quando aqui chegou, foi nomeado tabelião e oficial do Registro de Imóveis, cargo este que ocupou até 1902, quando faleceu. Chegou, também, no alto posto de intendente municipal. Foi o primeiro prefeito eleito da cidade de São Leopoldo, pois, até então, os intendentes eram nomeados. Sua eleição deu-se a 7 de setembro de 1900. Por essa época foi criado o município. Não completou seu mandado político por falecer em 13 de janeiro de 1902.
Florêncio casou-se com Adelaide Ortiz Muniz, n. 6/1/1857, Soledade/RS e fal. 24/11/1909, São Leopoldo, filha de Manuel Muniz Simões Pereira (n. 9/7/1815, Rio Pardo) e Joaquina Brandina de Araújo, neta paterna de Antônio Bento Pereira Soares e Maria Manuela da Câmara[i] (casados a 25/08/1811 em Curitiba/PR) e, materna, de Olívio (?) Araújo Ortiz e Maria.
Foram encontrados 6 filhos de Florêncio e Adelaide:
6.1 José Simeão Câmara, n. 14/7/1877 em Soledade/RS, batizado a 3/5/1879 na igreja de N. Sra. das Dores em Porto Alegre/RS e fal. 13/10/1930 em São Leopoldo. Sucedeu a seu pai na função de notário e oficial do registro de Imóveis de São Leopoldo. Foi casado com d. Helena Georgina Müzell, ali nascida a 9/11/1879 e fal. 9/5/1929 – cuja ascendência e descendência foi tratada neste blog na família Müzell, vide: http://pufal.blogspot.com.br/2011/09/alemaes-no-rs-os-muzell.html.
Helena Georgina Müzell e
José Simeão Câmara
Fotografia do acervo de Maria
Helena Schmitt Müssnich
6.2 Marcolino Câmara, n. 24/7/1880, bat. 6/10/1880, Porto Alegre.
6.3 Maurício Câmara.
6.4 Elfrida Adelaide Câmara, n. Soledade/RS. A 16/12/1897 em São Leopoldo casou-se com o almirante Guilherme Hoffmann Filho, ali nascido, filho de Wilhelm Hoffmann e Maria Theresa Kornemann, ambos alemães. Em 1897 Guilherme residia no Rio de Janeiro.
6.5 Eugênia Josefina Câmara, casou-se a 30/4/1912 em São Leopoldo com Jovelino Carlos da Silveira, residente em Sapucaia do Sul, filho de Carlos Antônio da Silveira e Bernardina Maria Gomes.
6.6 Osório Manuel Câmara.
5.3 Antônio Manuel da Silva Câmara, n. Rio Grande do Sul. A 16/11/1885 em Porto Alegre, na Igreja de N. Sra. do Rosário, casou-se com Francelina Ribeiro, filha de Antônio Inácio Ribeiro e Maria José.
4.9 Manuel da Silva Câmara, bat. 15/11/1820, com 20 dias, Capela de Santana/RS.
4.10 Maria das Dores Gago da Câmara, n. 18/10/1814, bat. 8/11/1814, Gravataí/RS. Casou-se na Capela de Santana a 14/3/1831 com seu primo Serafim Eloy da Silva Câmara, n. Salvador, BA, filho de Antônio Francisco Flores e Ana Maria Gago da Câmara, abaixo tratados.
4.11 Joaquim da Silva Câmara, bat. 14/7/1822, Capela de Santana.
3.7 Agostinho José da Silva, n. Cananeia/SP. Casou-se com Ana Cláudia Margarida, n. 1784 na freguesia de Santa Luzia da Ilha Terceira, Açores e fal. 29/3/1844, Porto Alegre/RS, filha de Felipe José de Lima e Luísa Rosa de Viterbo, ambos da ilha Terceira. Pais, ao menos, de:
4.1 Maria, n. 03/6/1804, Porto Alegre.
42. Agostinho Eloy da Silva Câmara, n. 30/3/1809, bat. 25/04/1809, Porto Alegre, onde se casou a 23/1/1833 com Maria Fausta de Menezes, filha de Felisberto José Pinto e Rosaura Joaquina de Menezes.
2.4 Antônia Inácia Gago da Câmara, n. 1750, Cananeia/SP. Casou-se com Antônio Xavier da Silva, pais de:
3.1 Ana Maria Gago da Câmara, talvez nascida em Cananeia/SP, mas estabelecida em Salvador, na Bahia, onde possivelmente tenha casado com Antônio Francisco Flores, gerando, ao menos:
4.1 Serafim Eloy da Silva Câmara, n. Salvador/BA, cerca de 1810. Sabemos, por sua habilitação de casamento (ACHMPA: proc. 237/1831, caixa 231), que em 1829/1830 Serafim já estava no Rio Grande do Sul, vivendo na casa de seu primo Florêncio Antônio, onde vivia de suas lavouras. Por ocasião da justificação para casar, Serafim disse viver “em casa dos pais da oradora há um ano e desta resultou afeição”, cujo ato se realizou a 14/3/1831 em Capela de Santana/RS com sua prima terceira Maria das Dores Gago da Câmara, acima citada. Deste casamento encontramos os filhos:
5.1 Manuela Câmara, n. 1832, Capela de Santana, onde fal. 10/8/1832.
5.2 Antônio Eloy da Silva Câmara, bat. 10/3/1833, Rio Pardo/RS e fal. Venâncio Aires/RS. Casou a 21/3/1857 em Rio Pardo com Ricarda Maria, n. 2/7/1836, Rio Pardo, filha de Ricardo Antônio Dutra e Maria Madalena da Silva. Pais de:
6.1 Elvira da Silva Câmara, n. 11/2/1858, Rio Pardo/RS.
6.2 Serafim da Silva Câmara, bat. 18/5/1861, Rio Pardo/RS.
6.3 Felinto Eloy da Silva Câmara, n. 13/1/1863, Rio Pardo/RS.
6.4 Antônio Eloy Câmara, n. 27/5/1864, Rio Pardo/RS.
6.5 Ernestina da Silva Câmara, n. 28/2/1865, Santa Cruz do Sul/RS.
6.6 Eloy da Silva Câmara, n. 1866, Venâncio Aires/RS.
6.7 Etelvina da Silva Câmara, n. 6/9/1867, Rio Pardo/RS.
6.8 Eponina da Silva Câmara, n. 9/1/1872, Santa Cruz do Sul/RS.
6.9 Emília da Silva Câmara, n. 6/8/1874, Santa Cruz do Sul/RS.

6.1 Ricardo da Silva Câmara, n. 23/2/1873, Santo Amaro/RS.
2.5 Joana Rosa Gago da Câmara, n. Cananeía/SP, onde se casou com Francisco Xavier Gomes, n. 1732, filho de João Gomes Mendes (n. 1695, Ilha Terceira) e neto de Manuel Gomes, escrivão da Junta da Comarca da Ilha Terceira. Pais de:
3.1 Simplício Gago da Câmara
3.2 Gil Gago da Câmara, n. 26/7/1771, Cananeia/SP. Casou em São Pedro da Ponta Delgada, Açores, com Branca Guilhermina do Canto, deixando descendência nos Açores.
2.6 Francisca Gago da Câmara, n. 1768, Cananeia/SP, onde se casou com João Miguel de Amorim, deixando ali descendência.
2.7 Luísa Bárbara Gago da Câmara, n. Cananeia/SP. Casou-se com o alferes João Rodrigues de Freitas, ali nascido, onde deixou descendência.

ARQUIVOS CONSULTADOS:
Arquivo Histórico da Cúria Metropolitana de Porto Alegre (AHCMPA): livros de batismos, casamentos e óbitos de Porto Alegre, Viamão, Gravataí, São Sebastião do Caí, Triunfo, São Leopoldo e Capela de Santana; habilitações de casamento.

Arquivos pessoais de Maria Helena Schmitt Müssnich e Wagner Ramos.

Arquivo Público do Estado do Rio Grande do Sul (APRS): inventários de Porto Alegre.

Arquivo Ultramarino (Lisboa): lista de Auxiliares de Cananeia.

Centro Histórico-Cultural da Santa Casa de Porto Alegre (CHC): livro de Entrada de Irmãos n.º 1.

LIVROS e SITES CONSULTADOS:

Anuário Genealógico Latino de Salvador da Moya

CARDOSO, Sonia Weber. São Leopoldo Antigo: A cidade brasileira de colonização alemã. Porto Alegre: Suliani, 2007.
DOMINGUES, Moacyr. Famílias Lagunenses. Edição do Autor.

FRANCO, Sérgio da Costa. Porto Alegre: Guia Histórico. Porto Alegre: UFRGS, 3. ed., 1998.

MENDES, Antônio Ornelas & FORJAZ, Jorge. Genealogias da Ilha Terceira. Lisboa: DisLivro Histórica, 2007.

Projeto Compartilhar. Coordenação de Bartyra Sette e Regina Moraes Junqueira - www.projetocompartilhar.org

RHEINGANTZ, Carlos G. Anais do Simpósio Comemorativo do Bicentenário da Restauração do Rio Grande (1776-1976). RJ: Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, 1979.






[i] Maria Manuela da Câmara nasceu em meados de 1795 em Curitiba/PR, filha de João Francisco Corrêa (n. freguesia da Piedade, ilha do Pico, Açores e casado a 21/2/1773 em Curitiba/PR) e de Ana Maria da Luz (n. Curitiba/PR), neta paterna de Manuel Corrêa de Ávila e Catarina de São Francisco e, materna, de Mateus Corrêa Simões (n. Santo Antônio, Porto, Portugal e casado em 1755 em Curitiba/PR) e de Maria Muniz da Câmara (n. 10/7/1739 em Curitiba/PR). Esta Maria Manuela da Câmara, por sua vez, foi filha do sargento-mor Simão Gonçalves de Andrade (n. na freguesia de Santa Maria Maior, Funchal, ilha da Madeira e fal. 1789 em Curitiba/PR, onde casou a 15/7/1738) e de Escolástica Soares do Valle), neta paterna de Simão Gonçalves de Andrade e de Clara Muniz da Câmara, a qual acreditamos seja do mesmo ramo dos Gago da Câmara.