quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Os meus antepassados: uma miscelânea de origens!

Os meus antepassados: uma miscelânea de origens!
Autoria: Diego de Leão Pufal

***
[Esta publicação pode ser utilizada pelo(a) interessado(a), desde que citada a fonte: PUFAL, Diego de Leão. Os meus antepassados: uma miscelânea de origens!, in blog Antigualhas, histórias e genealogia, disponível em http://pufal.blogspot.com.br/]

***

Ao pesquisarmos os antepassados de qualquer pessoa, surpreendermo-nos com o número de famílias que compõe a ascendência de cada um. Partindo de nossos avós paternos e maternos, temos quatro famílias distintas, número que aumenta progressivamente a cada geração. Assim, na geração dos bisavós, por exemplo, temos oito famílias, na dos trisavós, 16, na dos tetravós, 32, enquanto que na geração dos nossos nono avós, chegamos ao número de 1.024 pessoas/famílias.

Considerando que a cada geração o número de avós dobra, em 20 gerações temos o impressionante número de 2.097.152 pessoas/famílias de quem descendemos. Como consequência, em determinada geração, o número de avós supera a população mundial estimada para a época, tornando inevitável, portanto, a existência de casamentos consanguíneos e o parentesco entre muitos, para não dizer com todos.

Contudo, a pesquisa genealógica nem sempre permite descobrirmos o nome de todos os nossos avós, pelos mais variados motivos: ausência de registros, registros incompletos, filhos naturais/ilegítimos, etc.

No meu caso, elaborei a tabela abaixo incluindo até a 10ª geração e atingindo meados dos anos de 1670/1680:

Geração
Pesq.
BRASIL
PT
POL
Itália
AL
FR
ESP
AR
RS
SC
SP
PR
MG
RJ
2ª) Pais
2
2
2
3ª) avós
4
4
4
4ª) bisavós
8
8
8
5ª) trisavós
16
16
13
2
1
6ª) tetravós
32
29
21
1
4
4
2
7ª) pentavós
64
62
22
2
1

1
3
2
8
8
2
1
8ª) hexavós
128
108
27
5
1
4

2
10
8
13
12
2
3
9ª) Heptávos
256
146
19
5
10
15
1
2
14
31
5
2
35
6
1
10ª) Octávos
512
242
6
8
28
15
2
38
89

1
43
9
2
1

Abreviaturas por ordem do gráfico:

- Nº = representando o número de antepassados em cada geração;
- Pesq. = o número de antepassados conhecidos até então. Por exemplo, na 8ª geração, dos 128 avós, já descobri 108 deles.
- BRASIL e abaixo os respectivos Estados = diz com a origem de cada avô. Por exemplo, sei que dos meus 62 pentavós conhecidos, 22 eram do Rio Grande do Sul (RS), 2 de Santa Catarina (SC) e 1 do Paraná (PR).
- PT = diz com os avós nascidos em Portugal (continental).
- AÇ = diz com os avós nascidos no Arquipélago dos Açores, em Portugal;
- POL = refere-se aos avós nascidos na Polônia, à época território russo, prussiano e austríaco.  
- AL = refere-se aos avós nascidos nos reinos que formaram a Alemanha atual;
- FR = refere-se aos avós nascidos na França;
- ESP = refere-se aos avós nascidos na Espanha e
- AR = refere-se aos avós nascidos na Argentina.


Analisando os dados, retiro uma série de conclusões que encontram respaldo na formação de territórios, na história das imigrações e migrações e tantas outras. Eis algumas delas:

- os meus oito bisavós nasceram no Rio Grande do Sul, compreendendo as décadas de 1880/1900.

- dos meus 16 trisavós, 13 eram gaúchos, enquanto 2 poloneses e 1 italiano. Nesta geração é que as imigrações italianas e polonesas estavam em alta no Rio Grande do Sul.

- a geração seguinte (6ª) dos 29 tetravós que descobri, 21 eram gaúchos, 1 açoriano, 4 poloneses, 4 italianos e 2 alemães. Novamente vemos aqui abrangidas a imigração italiana e alemã, com aumento nas gerações posteriores.

- na 7ª geração consta um avô natural da França, mas ainda predominando com 22 avós gaúchos, 2 catarinenses, 1 paranaense e 1 carioca, o que já dá uma ideia das migrações internas e dos que foram povoar o RS de alguma forma.

- na 9ª geração, o número de lusos (portugueses continentais e açorianos) é considerável, com 45 avós, assim como 45 avós brasileiros, seguidos por 35 avós alemães. Entre os avós brasileiros, 19 eram gaúchos, 5 catarinenses, 10 paulistas, 15 paranaenses, 1 mineiro e 2 cariocas, o que novamente permite traçar rotas de colonizações e migrações e sugerem a formação rio-grandense, ao lado de forte presença lusa e germânica.

- os muitos avós paranaenses na 10ª geração, atingindo os anos de 1670/1680, sinalizam que os meus antepassados por estas linhagens foram povoadores do Estado do Paraná, provenientes do Estado de Paulo, justamente por coincidir com as décadas iniciais da ocupação de Curitiba.

Portanto, várias análises são possíveis com estes dados, principalmente se combinados com datas limites e por localidades. Fazendo uma comparação de gerações em cada um dos locais mencionados, é possível remontar a própria povoação de algum Estado brasileiro, bem como encontrar e situar cada avô em um contexto temporal e espacial. 

Interessante notar, além disso, a verdadeira miscelânea de origens na minha ascendência com estas poucas informações trazidas: há avós vindos de vários estados brasileiros, a maior parte descendente de portugueses e com presença indígena e negra; lusos vindos do Continente e dos Açores, cujas ilhas foram povoadas por gente vinda de toda Europa (muitos dos Países Baixos, inclusive); poloneses, compreendendo prussianos, pomeranos, russos, austríacos e talvez ucranianos, italianos, alemães, franceses, espanhóis e ao menos um argentino. 

Não é à toa que, diante de tantos avós já conhecidos, com origens variadas, tenho parentescos inúmeros – como todos –, ligados por um ou mais antepassados em comum e em diferentes locais, especialmente em muitos municípios gaúchos e estados brasileiros. Não posso deixar de referir, por fim, que quanto mais avanço em minhas linhas ancestrais, mais parentescos entre elas encontro, como é o caso da família LEME, de origem belga, radicada em Lisboa, depois na ilha da Madeira até atingir São Paulo, da qual descendo mais de dez vezes, ratificando a informação de que, em dada geração, o número de avós supera a população estimada para a época.