domingo, 25 de julho de 2010

Franceses no RS: os Lartigau

Franceses no RS: os Lartigau

[Esta publicação pode ser utilizada pelo(a) interessado(a), desde que citada a fonte: PUFAL, Diego de Leão. Franceses no RS: os Lartigau, disponível em http://pufal.blogspot.com.br/]
[acréscimos, correções, informações, esclarecimentos e dúvidas, 
favor deixar um comentário logo após esta postagem ou escrever para diegopufal@gmail.com]
[publicado em 25/07/2010]
[atualizado em 10/08/2020]



       A família Lartigau é originária da região dos Baixos-Pirineus [atual Pyrénées-Atlantiques], no “País Basco”, no sudoeste da França.

Para o Brasil emigraram os irmãos Jean e Pierre Lartigau, chegados em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, entre 1859/1865. Conforme Jean Lartigau declarou, ao habilitar-se para casar, saiu de sua cidade natal no ano de 1859, com 24 anos, solteiro, indo para a Corte do Rio de Janeiro, onde permaneceu até o ano de 1865, vindo após para Porto Alegre. Já o irmão Pierre declarou ter vindo no ano de 1855 para o Brasil, solteiro.

Os irmãos se estabeleceram com uma casa comercial no centro de Porto Alegre, denominada “Lartigau & Irmão”, possivelmente localizada na Rua dos Andradas (Rua da Praia).

Nesta cidade construíram suas vidas, deixando ilustre descendência com destaque na sociedade gaúcha, tanto na área da medicina, como na jurídica. Nesse sentido, escreveu Armindo Beux (in Franceses no Rio Grande do Sul. Porto Alegre: A Nação, 1976, p. 129): “[...] Filhos desses pioneiros foram estudar na Cidade Luz (Paris), assim chamada à época, voltando de lá aprimorados em cultura, dignificando a Medicina, como os Lartigau, os De la Lind, os Demarchi”.

Ao que parece, a família se radicou mesmo em Porto Alegre, não obstante tenha passado por outros municípios, notadamente o de Uruguaiana.

Passa-se, assim, à genealogia da família:  

1. Jean Lartigau, nascido em meados de 1810 na cidade de Sevignac, Sevignac-Meyracq, nos Baixos-Pirineus, França, onde em 1896 já era falecido. Ali se casou com Joane Marie Loustan, nascida no mesmo local e ali falecida já no ano de 1896, visto que não sucederam na herança deixada pelo filho Pierre. O casal gerou seis filhos:

2-1 Jean Lartigau (no Brasil: João Lartigau), nascido no ano de 1835 em Sevignac, Sevignac-Meyracq, Baixos-Pirineus, França. Emigrou para o Brasil, chegando em Porto Alegre/RS em meados de 1859, visto que no dia 28 de outubro de 1875 casou-se na igreja de Nossa Senhora do Rosário com Adelina Laura da Cunha, nascida a 28 de setembro de 1857 e batizada a 24 de março de 1858, na igreja de N. Sra. do Rosário, em Porto Alegre, filha de João Marques da Cunha Júnior (nascido em Porto Alegre, onde casou a 26 de maio de 1849 e faleceu a 05-11-1865, aos 44 anos, suicidando-se com um tiro) e de Amabília Amália da Silva Barbosa (nascida a 02/05/1830, bat. 28/08/1830, Rio Pardo e falecida em junho de 1912 em Porto Alegre), neta paterna de João Marques da Cunha (nascido na freguesia de Veiros, Estarreja, bispado de Aveiro, Portugal) e de Maria Inácia de Jesus (nascida por volta de 1790 na cidade do Rio de Janeiro e falecida em Porto Alegre a 19 de maio de 1863), neta materna do alferes João da Silva Barbosa (nascido a 17.08.1796, bat. 04.09.1796, Rio Pardo e casado em Montevidéu, Uruguai em 12 de setembro de 1825) e de Rafaela da Silva Ribeiro (nascida em Montevidéu, Uruguai).

         Pelo alferes João da Silva Barbosa, Adelina era bisneta do sargento-mor Domingos da Silva Barbosa (batizado a 27.12.1754, Viamão e falecido a 02.05.1827, Rio Pardo, casando em Rio Grande a 30.09.1799) e de Efigênia Maria Engrácia (nascida em 1766, Laguna/SC e falecida a 24.01.1810, Rio Pardo, a qual foi casada em primeiras núpcias com José Joaquim da Silva). Domingos da Silva Barbosa, por sua vez, era filho do tenente Francisco da Silva (natural da Vila de Arega, Coimbra, Portugal) e de Maria Leme Barbosa (natural de Laguna/SC e filha do sesmeiro de Porto Alegre, Jerônimo de Ornelas Menezes e Vasconcelos e de Lucrécia Leme Barbosa).

              Em 14 de novembro de 1883 João Lartigau ingressou na Irmandade da Santa Casa de Porto Alegre, com o propósito de auxiliar a instituição em suas misericórdias. Sabe-se que em 1896 João ainda vivia, tendo sido ele, muito provavelmente, agente consular da embaixada da França em Porto Alegre no ano de 1899.

             João Lartigau e Adelina Laura foram pais de, ao menos, quatro filhos: Pedro Armando, João, Alice e Fernando Lartigau, que seguem:

3-1 Doutor Pedro Armando Lartigau, nascido no ano de 1876 em Porto Alegre, tendo sido batizado na igreja de N. Sra. do Rosário a 20 de janeiro de 1878, e falecido no ano de 1923 em Buenos Aires, Argentina. O Dr. Pedro Armando foi médico, tendo, ao que parece estudado em Paris, retornando após para o Brasil. Casou-se em meados de 1910 a 1912 na cidade de Uruguaiana, com D. Elvira Menna Barreto Ribeiro, nascida a 20 de dezembro de 1883 em São Vicente do Sul, onde foi batizada a 28 de setembro de 1884, tendo falecido em Porto Alegre a 21 de junho de 1946.

          D. Elvira era filha do Doutor Eduardo Ribeiro da Silva, nascido em 1855 no Estado da Bahia, e casado a 29 de abril de 1882 em Uruguaiana, e  de Florinda Amália Menna Barreto, nascida em 1858 em Uruguaiana, onde faleceu a 08 de agosto de 1896; neta pelo lado paterno de José Ribeiro da Silva e de Maria Carolina Ramos; neta pelo lado materno do Brigadeiro João Francisco Menna Barreto, natural de Rio Pardo/RS, e de Marfisa de Araújo Carvalho, natural de Alegrete/RS. O Brigadeiro João Francisco Menna Barreto era neto do Visconde de São Gabriel/RS, João de Deus Menna Barreto – patriarca da conhecida família e descendente dos Carneiro da Fontoura, família tradicional gaúcha.

              Dona Elvira era viúva do alferes José Estevão do Amazonas Ferraz, com quem casou a 21 de julho de 1901 na cidade de Quaraí. José Estevão nasceu no ano de 1875 no Estado do Amazonas, sendo filho do também militar, o marechal, Estevão José Ferraz e de Benvinda Vasconcellos. Do primeiro casamento de D. Elvira com José Estevão houve uma filha de nome Elvira Ferraz (Elvirinha) casada com Edmundo Gomes, os quais residiram por anos em Porto Alegre na Avenida Avaí, na Cidade Baixa, sendo vizinhos da família Brasil (do meu bisavô, Mário da Silva Brasil).

           Do casamento do Dr. Pedro Armando com D. Elvira houve seis filhos, cujos nomes seguem:

4-1 Maria de Lourdes Lartigau, nascida a 17 de outubro de 1911 em Uruguaiana e falecida no Rio de Janeiro/RJ. Casou-se com Manuel Parmênio da Silva. Sem mais notícias.

4-2 Anne Marie Lartigau (Anette), nascida a 09 de novembro de 1913 em Uruguaiana. Casou-se em Porto Alegre com Clândio Osório Pereira, nascido em 04 de novembro de 1909 em Pelotas, filho de Octacílio Gonçalves Pereira e Célia Osório (citados em: http://mitoblogos.blogspot.com/2008/06/genealogia-232-descendentes-de-pedro.html). Pais de duas filhas: Maria Helena Lartigau Pereira (casada com Roberto Couto Franco, nascido em 03/12/1927, Porto Alegre, filho de Edgar de Araújo Franco e Auristela Couto. Pais de: Roberto Pereira Franco c/c Luciana Raposo) e Maria Regina Lartigau Pereira (c/c Clodoveu da Rosa Bittencourt, nascido a 10/08/1927 em Bagé/RS, filho de Floriano Bittencourt e Nelsinda Osório da Rosa, pais de quatro filhos: Aneette, Clodoveu, Elizabeth e Pedro Luís Bittencourt).

4-3 Emmanuel Marie Alberto Leonel Lartigau, nascido a 23 de maio de 1915 em Uruguaiana e falecido a 17 de novembro de 1996. Foi militar, casando-se em 1938 com Maria da Glória Corrêa Pinto, nascida em Cruz Alta, filha de José de Vasconcellos Pinto e de Luizinha Corrêa da Silva (esta, filha de João Corrêa Ferreira da Silva e de Maria Luiza Frederica Burmeister, já tratados neste blog - http://pufal.blogspot.com/search/label/Corrêa%20da%20Silva) (D. Luizinha era prima de minha bisavó, Julieta Corrêa da Silva). Houve duas filhas deste casamento: Annette e Heloísa.

4-4 Marie de Sión Lartigau (Sión), nascida a 09 de julho de 1917 em Uruguaiana. Casou em Porto Alegre com o Dr. João Cahen Fischer, nascido a 10 de agosto de 1908 em Porto Alegre, médico, filho de Christiano Felipe Fischer (nascido em 1869 em São Leopoldo) e de Alice Cahen, neto paterno de Johann Heinrich Gottlieb Fischer e de Johanna Henrietta Panitz, neto materno de Johann Julius Cahen e de Maria Manuela de Oliveira. João e Marie tiveram dois filhos: Pedro Armando, Maria Lúcia e Décio Lartigau Fischer.

4-5 Georges Marie Victor Lartigau, nascido a 11 de agosto de 1919 em Uruguaiana e falecido em Porto Alegre a 30 de janeiro de 1981. Casou-se em Porto Alegre com Isolda Bastos Mércio, nascida em Bagé, filha de Camilo Teixeira Mércio e Margarida Bastos. Houve três filhos deste casamento: Pedro Armando, Ana Luiza e Marta Mariza.

4-6 Marie Françoise Thereze Lartigau (Teresinha), nascida a 22 de janeiro de 1922 em Uruguaiana e falecida a 05 de junho de 1981 em Porto Alegre. Casou-se em Porto Alegre com Hércio Vargas de Carvalho, nascido em Livramento e falecido em Porto Alegre, filho de Herculano Carvalho da Silva e de Menalvina Vargas. Houve deste casamento dois filhos: Martha e Pedro Armando.

Jornal "O Independente",
Porto Alegre, 19/07/1916
Arquivo Histórico Municipal de
Porto Alegre Moysés Vellinho
3-2 João Cândido Lartigau, nascido a 20 de agosto de 1877 em Porto Alegre, tendo sido batizado a 20 de janeiro de 1878 na igreja de N. Sra. do Rosário, onde faleceu em 17 de julho de 1916, aos 39 anos, casado e sem filhos. Foi cirurgião-dentista e casou a 3 de março de 1904 em Uruguaiana com Julieta Noronha, nascida em 1884 e falecida a 26.5.1930 em Porto Alegre, filha de Alfredo de Freitas Noronha e Maria Aldina do Prado.

3-3 Alice Lartigau, nascida no ano de 1882 em Porto Alegre, onde batizada a 09 de setembro de 1883, na igreja de N. Sra. do Rosário. Sem mais notícias.

3-4 Doutor Fernando Lartigau, nascido e batizado no ano de 1886 em Porto Alegre (Igreja do Menino Deus). Assim como o irmão Pedro Armando, foi médico, tendo provavelmente feito seus estudos em Paris. Casou-se com Maria Del Carmen de Mello, com quem teve, dentre outros (cujos nomes não se conseguiram descobrir), o filho:

4-1 Doutor Miguel Ângelo de Mello Lartigau, assim como o seu pai também foi médico, nasceu em 1918, talvez em Porto Alegre, onde faleceu a 21 de agosto de 1965. Casou-se com Berenice Tubino, com quem teve dois filhos: Eduardo (casado com Inara Corrêa, bisneta de Germano Corrêa da Silva e trineta de Raymundo Corrêa da Silva -  meu trisavô - tratados neste blog: http://pufal.blogspot.com/search/label/Corrêa%20da%20Silva) e Alexandre.

2-2 Pierre Lartigau (no Brasil: Pedro Lartigau), nascido por volta de 1835/1840 em Sevignac-Meyracq, Baixos-Pirineus, França, e falecido a 27 de janeiro de 1896 em Porto Alegre. Emigrou para o Brasil, chegando em Porto Alegre/RS em meados de 1855; em janeiro de 1875 casou-se na igreja de N. Sra. do Rosário com Amabília Amália da Silva Barbosa (sogra de Jean Lartigau e, portanto, viúva de João Marques da Cunha Júnior - mais informações acima).

Convite da missa de Amabília da Cunha Lartigau,
publicado no Jornal "A Federação"
(Porto Alegre, 13/06/1912)
Arquivo Histórico Municipal Moysés Vellinho (PMPA)
     Pedro Lartigau faleceu sem deixar descendentes. Seu inventário foi autuado em Porto Alegre no ano de 1898 (APRS), sendo seus herdeiros os seus irmãos e sobrinhos, residentes na França, com exceção de Jean Lartigau. Dentre outros bens, Pedro Lartigau deixou duas casas na Rua dos Andradas (a conhecida Rua da Praia) de nº 296 e nº 298, em Porto Alegre, onde possivelmente se estabelecera com loja comercial juntamente com o irmão, como mencionado.
Graças ao inventário de Pedro Lartigau é que se conseguiu descobrir a origem da família na França, bem como os nomes dos irmãos não emigrados.

2-3 Jean Baptiste Lartigau, nascido na cidade de Sevignac-Meyrac, Baixos Pirineus, França, onde faleceu a 16 de outubro de 1896. Nesta cidade casou-se com Marianne Loustalat. O casal não emigrou para o Brasil. Quando da abertura 
do inventário dos bens deixados por Pedro Lartigau, irmão de Jean Baptiste, os filhos deste lhe sucederam – todos nascidos e então residentes em Sevignac-Meyrac, com exceção de um:

3-1 Jean Sylvane Lartigau, nascido na cidade de Sevignac-Meyrac, Baixos Pirineus, França, onde tinha como profissão: proprietário.

3-2 Marie Louise Lartigau, nascida na cidade de Sevignac-Meyrac, Baixos Pirineus, França. Em 1896 maior de idade, solteira.

3-3 Marie Jeanne Lartigau, nascida na cidade de Sevignac-Meyrac, Baixos Pirineus, França. Em 1896 maior de idade, solteira.

3-4 Lucién Lartigau, nascido na cidade de Sevignac-Meyrac, Baixos Pirineus, França. Em 1896 maior de idade.

3-5 Charles Lartigau, nascido na cidade de Sevignac-Meyrac, Baixos Pirineus, França. Em 1896 Charles era comerciante e residia em Carlos-Casares, província de Buenos Aires, Argentina. No inventário de seu tio, fez-se representar por seu primo Jean Pierre Sérigos.

3-6 Jean Pierre Lartigau, nascido a 07 de setembro de 1883 em Sevignac-Meyrac, Baixos Pirineus, França. Em 1902 era cultivador em Sevignac.

2-4 Marie Lartigau, nascida em Sevignac-Meyrac, Baixos Pirineus, França, onde faleceu a 24 de agosto de 1901. Ali se casou com Lucién Sérigos, nascido na França e já falecido no ano de 1897. O casal não emigrou para o Brasil. Quando da abertura do inventário dos bens deixados por Pedro Lartigau, irmão de Marie, os filhos desta lhe sucederam - todos nascidos e então residentes em Sevignac-Meyrac, com exceção de dois:

3-1 Marie Sérigos, nascida em Sevignac-Meyrac, Baixos Pirineus, França, onde casou com Eugenio Soust, cultivador em Sevignac.

3-2 Jean Pierre Sérigos, nascido em Sevignac-Meyrac, Baixos Pirineus, França. Em 1902 era negociante, residente em Buenos Aires, Argentina (Belgrano, 836). No inventário de seu tio, fez-se representar por seu primo Jean Sylvane Lartigau.

3-3 Jacques Sérigos, nascido em Sevignac-Meyrac, Baixos Pirineus, França. Em 1902 era negociante, residente em Tandil, província de Buenos Aires, Argentina. No inventário de seu tio, fez-se representar por seu primo Jean Sylvane Lartigau.

3-4 Pierre Sérigos, nascido em Sevignac-Meyrac, Baixos Pirineus, França.

2-5 Catherine Lartigau, nascida em Sevignac-Meyrac, Baixos Pirineus, França, onde casou com Jean Pujalet-Latheus. O casal não emigrou para o Brasil.

2-6 Marie Anne Lartigau ou Marianne Lartigau, nascida em Sevignac-Meyrac, Baixos Pirineus, França, onde casou com Jean Pierre Bendejac, nascido na França. O casal não emigrou para o Brasil. Em 1896 residiam na cidade de Louvie-Juzon, nos Baixos Pirineus.  



Fontes:

- Arquivo Histórico da Cúria Metropolitana de Porto Alegre (AHCMPA): livros de batizados e casamentos de Rio Pardo, Viamão e Porto Alegre; arquivo genealógico de Jorge Godofredo Felizardo; habilitação de casamento de João Lartigau (processo n.º 180/1875, caixa 285); habilitação de casamento de Pedro Lartigau (processo n.º 197/1875, caixa 285).

- Arquivo Histórico Municipal de Porto Alegre Moysés Vellinho: jornais A Federação e O Independente.

- Arquivos pessoais de: João Simões Lopes Filho (RJ), Elisabeth Berté da Cruz, Viviane Wiedemann Velloso e informações de Luciana Raposo (RJ).

- Arquivo Público do Estado do Rio Grande do Sul (APRS): habilitações de casamento de Quaraí; Inventário de Pedro Lartigau (processo n.º 589, maço 23, 1º cartório do cível de Porto Alegre, ano de 1896, e processo n.º 1.983, maço 68, 2º cartório de órfãos de Porto Alegre, ano de 1898);  Livros do Registro Civil de Porto Alegre: nascimentos, casamentos e óbitos.

- BEUX, Armindo. Franceses no Rio Grande do Sul. Porto Alegre: A Nação, 1976.

- Centro Histórico e Cultural da Santa Casa de Porto Alegre: livros de entrada de Irmãos.

- GUIMARÃES, João Pinto da Fonseca e FELIZARDO, Jorge G. Genealogia Rio-Grandense. Porto Alegre: Livraria do Globo, 1937.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

9ª Edição da Revista do CEKAW

Prezados amigos,

Informamos que está dispoível no site da Sociedade Polônia de Porto Alegre (www.poloniapoa.org) a 9ª edição da Revista Cekaw.

Convidamos a todos para que acessem esta edição, que está com uma variedade ainda maior que as edições anteriores, com artigos sobre genealogia, história e cultura polonesa. Acessem diretamente esta edição em http://www.poloniapoa.org/revista/revista_09.php.

As demais edições podem ser encontradas no mesmo site: http://www.poloniapoa.org/revista.

Atenciosamente,

Centro de Estudos Polono-Brasileiros Karol Wojtyla - CEKAW
Sociedade Polônia de Porto Alegre

sábado, 17 de julho de 2010

Poesias de Mário da Silva Brasil

Poesias de Mário da Silva Brasil 


                               Desde julho de 2008 venho veiculando neste blog algumas poesias do meu bisavô Mário da Silva Brasil, as quais foram escritas em sua grande maioria na década de 1910, na cidade de Porto Alegre. Muitas delas foram publicadas nos jornais da época, já outras ficaram registradas em seu caderno.
                                Para que as obras de Mário da Silva Brasil não fiquem no esquecimento, disponibilizo mais uma de suas poesias, preservando-se a escrita da época.


 Que Importa


Si agora me perseguem dissabores
Que estendem no meu ser longas raízes,
E si no peito tenho cicatrizes
Que me causam crueis e horriveis dores,


Que importa áquelles que encontrando flores
Na sua estrada seguem tão felizes?!
Nada, é bem certo, porque de infelizes
O mundo é cheio, oh tristes soffredores!


Si a senda que trilhamos tem espinhos,
Si da vida são tantos os caminhos,
E si a sorte nos é tão desegual,


Porque chorar as dores que soffremos
E as tristes desventuras que teremos
Si não podemos combater o mal?!

Porto Alegre, 3 de agosto de 1.910.



quinta-feira, 1 de julho de 2010

Alemães no RS: Família Blanck



Alemães no RS: família Blanck
Autoria de Diego de Leão Pufal

[Esta publicação pode ser utilizada pelo(a) interessado(a), desde que citada a fonte: PUFAL, Diego de Leão. Alemães no RS: família Blanckin blog Antigualhas, histórias e genealogia, disponível em http://pufal.blogspot.com.br/]

[acréscimos, dúvidas e correções escreva para diegopufal@gmail.com]
[atualizado em 06-03-2015]



O sobrenome Blank (também Blanck) significa liso, brilhante, e pode ser encontrado em diversas regiões da Alemanha. Para o Brasil vários foram os ramos Blanck/Blank emigrados, mas aqui vou tratar de um em específico, o de Ludwig Peter Blanck.
Ludwig Peter Blanck (no Brasil: Luís Pedro Blanck ou somente Pedro Blanck) nasceu a 23 de novembro de 1853 na cidade de Probbernau, "Waler Kreis Danzig", na época Pomerânia, na Prússia. Atualmente, a cidade de Probbernau chama-se Przebrno, pertencente a Krynica Morska, Gdánsk, Polônia[1]. Ludwig Pedro foi filho de Peter Blanck e de Elisabetha Ewel, nascidos por volta de 1820 possivelmente em Gdánsk, evangélicos e não emigrados para o Brasil.
Ludwig Peter saiu de sua terra natal no ano de 1878, com 24 anos de idade, vindo diretamente para Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, cidade em que viveu e faleceu a 05 de outubro de 1921, aos 68 anos, em decorrência de uma operação na bexiga (blase operation), tendo sido sepultado no cemitério da comunidade evangélica de Porto Alegre.
Por ocasião de seu casamento, Pedro Blanck teve que promover uma justificação de solteiro (processo n.º 335, ano 1884, caixa 314, AHCMPA), quando declarou ser marítimo de profissão e, como tal, ter feito diversas viagens em navio de guerra por todo o mundo.
Pedro Blanck casou-se a 20 de setembro de 1884 na Igreja Católica de Nossa Senhora do Rosário, em Porto Alegre, com Catharina Brücker, nascida a 19-07-1869 no Estado de Santa Catarina e falecida a 29-05-1945 em Porto Alegre, sendo filha dos alemães Heinrich Brücker e Elisabeth Müller, católicos.
Heinrich Brücker (Henrique Brücker) nasceu em 1847 na Alemanha e era filho de Heinrich Brücker e Elisabeth Leibuck (sic). Deve ter emigrado para o Brasil pelo ano de 1865-1868, estabelecendo-se em Santa Catarina, onde se casou com Maria Elisabeth Müller, também alemã, onde nasceu em 1850, e faleceu em Porto Alegre a 02-03-1915, sendo filha de Heinrich Peter Müller e Anna Elisabeth.
Em meados de 1875 a família Brücker mudou-se para Porto Alegre, já com dois filhos: Catharina (*1869, SC) e Henrique Brücker Filho (*1871, SC); aqui nasceram mais dois filhos: José Brücker, a 04-06-1877, e Elisa, a 05-05-1879. Já em 1881 encontrou-se o patriarca Heinrich Brücker como proprietário de um armazém de secos e molhados, de pequeno ou médio porte no Caminho Novo, atual Rua Voluntários da Pátria em Porto Alegre[2], estabelecimento que deve ter alienado, por não ter sido arrolado no seu inventário (autuado em Porto Alegre em 1901 - APRS). Heinrich faleceu a 30 de setembro de 1900 em Porto Alegre, deixando a viúva e três filhos: Catharina, Henrique e José, e os seguintes bens de raiz: um prédio na Rua Pontas de Paris (atual Rua Garibaldi), n.º 23, e um prédio na mesma Rua, n.º 04.
Do casal Pedro Blanck e Catharina Brücker foram encontrados dez filhos, todos nascidos em Porto Alegre e batizados, alguns na Capela de São José dos Alemães (hoje Igreja São José) e, outros, na Igreja de N. Senhora da Conceição, que seguem:
F1- Brunhilde Erna Edith Blanck, nascida a 04-01-1879 em Porto Alegre, conforme informação oral de sua filha (ressalta-se que teria nascido antes do casamento dos pais). Casou em Porto Alegre na Igreja N. Sra. dos Navegantes, com Hygino José de Andrade Filho, ali nascido, filho de Hygino José de Andrade e Alice. Pais de: Gladys de Andrade, nascida a 25-04-1935 em Porto Alegre, onde casou com João Carlos Duarte, gerando a José Carlos e a Rafael.
F-2 Pedro Alfredo Ricardo Carlos Henrique Blanck (no batismo, pois usava apenas Alfredo Blanck), nascido a 03-11-1884 em Porto Alegre e batizado a 05-08-1888 na Capela São José. Faleceu a 23-11-1935 em Porto Alegre. Não se sabe com quem casou e se teve filhos.
F3- Hermínia Maria Jacobina Isabel Blanck (no batismo, pois nos demais registros apenas: Hermínia Blanck), nascida a 27-08-1886 em Porto Alegre e batizada a 05-08-1888 na Capela São José. Casou-se a 18-04-1918 na igreja evangélica de Porto Alegre com o comerciante Wilhelm Braescher (Guilherme Braescher), nascido a 16-01-1884, Porto Alegre, filho de Luiz Braescher e Anna Stumpf. Deste casal foram encontrados 4 filhos: Helena, Irma, Ruy Braescher e Norberto Luiz Braescher.
F-4 Carlota Blanck, nascida a 02-11-1889 em Porto Alegre, onde faleceu a 12-12-1946. Ali se casou com Jorge Elias Filho, nascido em 1886 na cidade de Graz, Àustria e falecido em 1957 em Porto Alegre/RS, filho de Jorge Elias e de Ana Gassner, austríacos, neto paterno de Peter Elias e Teresa e, maternos, de Johann Gassner e Anna. Jorge Elias, esposa e filhos emigraram para o Rio Grande do Sul, vindos da Áustria, estabelecendo-se em 1892 na cidade de Ijuí, vindo após para Porto Alegre, conforme informações do descendente Nelson Elias. Pais de três filhos: Jorge Nelson Elias, Doroth Elias Staudt e Cláudio Elias.
F5- Otília Blanck, nascida a 27-08-1890 em Porto Alegre e batizada a 24-11-1894 na igreja de N. Sra. da Conceição. Conforme informações de Glayds de Andrade, Otília casou-se em Porto Alegre, tendo três filhos: Lino, Enelida e Luís.
F6- Mathilde Blanck, nascida a 20-09-1892 em Porto Alegre e batizada a 27-08-1890 na igreja de N. Sra. da Conceição. Em 1911 foi madrinha de batismo de Ondina Brücker, sua prima, quando ainda era solteira. Faleceu em Porto Alegre a 28-04-1933, onde se casou em maio de 1914 com Carlos Francisco Bechstedt, n. São Paulo.
F7- Luiz Waldemar Blanck, nascido a 05-10-1894 em Porto Alegre e batizado a 24-11-1894 na igreja de N. Sra. da Conceição. De acordo com sua neta, Maria Lúcia Blanck Coimbra, Luiz Waldemar casou-se (I) com Mathilde Carolina Müller, com quem teve um único filho: Herberto Rolfe Miller Blanck. Depois, Luiz Waldemar casou-se (II) com Célia Cunha.
F8- Richard Rudolph Edmund Blanck (no batismo, pois era conhecido como Edmundo Blanck), nascido a 23-12-1896 em Porto Alegre e batizado a 25-12-1898 na igreja de N. Sra. da Conceição, e falecido em Porto Alegre, onde faleceu a 16-05-1983. Ali casou a 03-07-1926 (na Av. Lobo da Costa, n. 11, em Porto Alegre - casa de F. Max Rapp, construída em 1915/1916 por Rudolf Ahrons) com Maria Bertha Hedwig Rapp, nascida a 11-06-1899 em Stuttgart, Württemberg, Alemanha e falecida a 17-03-1987 em Porto Alegre, filha de Friedrich Max Rapp e Maria Schmollinger, ambos de Stuttgart (Friedrich e Maria foram pais ainda de: Elsa Frida Rapp, nascida a 09-12-1900 em Stuttgart e casada em 1927 em Porto Alegre com Richard Teschner). Edmundo e Maria foram pais de dois filhos: Lori Blanck (c/c Paulo Corrêa Pufal, meu tio-avô - referidos em: http://pufal.blogspot.com/2011/02/familia-pufal-ii-origem-do-nome.html) e Leo Luiz Blanck (c/c Sezalda de Mello).
F9- Maria Elisabeth Blanck (no batismo: Alice Elisabeth), nascida a 04-02-1900 e bat. 29-09-1915 em Porto Alegre, na capela de São José dos Alemães, onde se casou a 20-10-1924, na igreja de N. Sra. dos Navegantes, com Vendelino Vescovi, nascido em 1900 no RS, filho de José Vescovi e Carolina. Sem mais notícias.
F-10 Oswaldo Blanck, nascido em Porto Alegre. Sem mais notícias.
 ***
Notas:
[1] Gdánsk é um importante porto no mar Báltico e teve, ao longo dos séculos, em mãos da Polônia, Prússia e Alemanha. No século XII fazia parte de Wloclawek, Polônia; já no século XVIII, por volta de 1770, os alemães dominaram o local, quando passou a fazer parte da Prússia Oriental com o nome Danzig em 1793, situação que perdurou até 1807, quando Napoleão Bonaparte tornou-a independente novamente. Porém, com a I Guerra Mundial, com a divisão da Polônia, voltou a ser parte da Prússia até 1919 que, com o Tratado de Versalhes, passou novamente à Polônia, com o nome de Gdánsk.
[2] GANS, Magda Rosvita. Presença Teuta em Porto Alegre no século XIX - 1850-1889. Porto Alegre: UFRGS, 2004, p. 55.

Poesias de Mário da Silva Brasil

Poesias de Mário da Silva Brasil 




                 Desde julho de 2008 venho veiculando neste blog algumas poesias do meu bisavô Mário da Silva Brasil, as quais foram escritas em sua grande maioria na década de 1910, na cidade de Porto Alegre. Muitas delas foram publicadas nos jornais da época, já outras ficaram registradas em seu caderno.

               Para que as obras de Mário da Silva Brasil não fiquem no esquecimento, disponibilizo mais uma de suas poesias, preservando-se a escrita da época.



Desilusão




Evaporar-se vejo, lentamente,
Minha crença e ideal, minha illusão ...
E, em escombros, num tetrico montão, 
Terei que ver meus sonhos, brevemente?!


Meus sonhos, a sublime aspiração
Que até agora nutri constantemente?!
E vejo-a derrocar-se! E, então, descrente
De tudo, terei ainda o coração

A palpitar por quem, neste momento,
Do amor o tenho quasi entregue ás chammas?
Não sei, talvez, porque a descrença ingrata

Não fará mergulhar no esquecimento
Memorias do passado cujas flammas
Trazem-me m’alma sensação tão grata! ...


Porto Alegre, 18 de julho de 1910.